Os cientistas podem ter encontrado um quarto tipo de “combustível” para dar energia ao nosso corpo, além de proteínas, gorduras e carboidratos.
A cetona é uma fonte de beta-hidroxibutirato, uma das substâncias que o corpo produz naturalmente quando está em jejum ou faminto. Alguns estudos descobriram que ingerir a substância diretamente fornece uma explosão de energia.
Isso pode ter ajudado nossos antepassados a sobreviver a longos períodos sem encontrar alimento. Hoje em dia, se ingerida antes de uma refeição com alto teor de carboidratos, a cetona parece manter os níveis de glicose do corpo controlados, o que é uma excelente vantagem.
Já há uma companhia explorando comercialmente uma bebida feita de cetona. Aparentemente, o sabor é horroroso. No entanto, a empresa – HVMN – está convencida de que pode ter muitos benefícios para a nossa saúde.
“Não é gordura, não é proteína, não são carboidratos, mas o corpo obtém combustível mesmo assim”, disse Geoffrey Woo, cofundador e CEO da HVMN, ao Business Insider.
A maior vantagem é que a cetona pode ajudar a estabilizar o açúcar no sangue. Este efeito, além de nos manter saudáveis, pode nos ajudar a controlar o peso e até oferecer um impulso energético a atletas.
Em um artigo publicado na semana passada no Journal of Physiology, Jonathan Little, professor da Universidade da Colúmbia Britânica e sua equipe descobriram que uma bebida de cetona pode realmente reduzir os níveis de glicose no organismo.
Vinte homens e mulheres saudáveis entre 18 e 35 anos foram acompanhados ao longo de duas manhãs para ver como o consumo de cetona afetava os níveis de açúcar no sangue. Os participantes jejuaram durante a noite nos dois dias em que decorreu o estudo. Na manhã seguinte, metade do grupo bebeu cetona, e a outra metade tomou um placebo.
Trinta minutos depois, os cientistas fizeram com que todos consumissem uma bebida açucarada para ver como a ingestão de cetona afetava os níveis de açúcar no sangue. Na segunda manhã, os grupos trocaram – metade recebeu cetona enquanto a outra metade recebeu o placebo.
O estudo mostrou diferenças marcantes entre os voluntários que beberam a cetona e os que beberam o placebo. Em vez de aumentar como esperado, os níveis de açúcar no sangue dos bebedores de cetona permaneceram relativamente baixos.
Em pessoas com diabetes, o alto nível de açúcar no sangue pode ser perigoso e até mortal. O estudo foi realizado em jovens saudáveis, mas se as mesmas respostas forem observadas em pessoas com diabetes tipo 2, a bebida poderia ser usada para melhorar a saúde metabólica. Esse é, inclusive, o próximo passo dos estudos financiados pela HVMN.
As descobertas também têm implicações importantes para pessoas sem diabetes. O controle glicêmico, ou seja, manter os níveis de açúcar no sangue estáveis, é importante de uma forma geral.
Quando comemos uma refeição equilibrada, rica em proteínas, gorduras, fibras e carboidratos, os níveis de açúcar no sangue permanecem relativamente estáveis. Mas quando exageramos em carboidratos sem proteínas ou outros nutrientes, os níveis de glicose variam muito. Isso pode nos deixar com fome, cansados e querendo mais açúcar – o que potencialmente pode levar ao aumento de peso.
Manter os níveis de açúcar no sangue constantes evita esses sintomas e pode desempenhar um papel fundamental na saúde geral.
A bebida da HVMN também foi projetada para os atletas. Em estudos com ciclistas de elite, pesquisadores da Universidade de Oxford descobriram que a combinação da Ketone com um alimento de alto teor de carboidratos, como uma barra de granola, levou a um melhor desempenho atlético.
Por exemplo, em um artigo de 2016, os cientistas explicaram que os atletas que beberam cetona foram em média 400 metros mais longe do que aqueles que obtiveram energia apenas através de carboidratos ou gorduras.
Kieran Clarke, professor de bioquímica fisiológica da Universidade de Oxford, lidera uma nova pesquisa para traduzir esses resultados em melhor desempenho atlético através da Ketone. Uma das coisas mais curiosas do estudo foi que os atletas que se superaram nem perceberam a vantagem.
Ciberia // HypeScience / ZAP