Na história recente da Europa, há uma série de casos de corrupção envolvendo políticos que resultaram em condenações e prisões. Os casos afectam países como Portugal, Espanha, Alemanha, França e Itália.
Em Portugal, a Operação Marquês, iniciada em 2014, revelou que José Sócrates, primeiro-ministro do país entre 2005 e 2011, esteve envolvido em 31 crimes, entre eles, o de corrupção, fraude fiscal e lavagem de dinheiro.
O ex-primeiro-ministro português foi detido preventivamente em 2014, ficando 9 meses na cadeia. Em 2015, passou a cumprir prisão domiciliar e, atualmente, aguarda julgamento em liberdade.
O Partido Socialista (PS), após anos de silêncio em relação ao caso, busca distanciar-se da imagem de Sócrates. António Costa, atual primeiro-ministro de Portugal, foi ministro na administração de Sócrates.
Ao tomar conhecimento das denúncias, Costa se manteve neutro e defendeu a presunção de inocência de Sócrates. Uma frase sua tornou-se célebre em terras portuguesas: “à política o que é da política, à Justiça o que é da Justiça”. Mais recentemente, no último congresso do Partido Socialista, em maio, Costa procurou afastar-se da figura de Sócrates.
A deputada federal pelo PS Ana Gomes disse que é importante que o partido se descole do ex-primeiro-ministro, mas que assuma os erros cometidos. “Não vale a pena varrer para debaixo do tapete o que do passado pode envergonhar a credibilidade do PS, partido de gente séria e trabalhadora”, afirmou.
Na liderança do atual governo, o PS sofreu derrota nas últimas eleições, perdendo espaço para o Partido Social Democrata (PSD) – legenda que esteve à frente do governo durante severo programa de ajuste fiscal, com corte de pensões e aumento de impostos.
O PSD venceu as últimas eleições, mas o PS conseguiu formar governo após associar-se ao Bloco de Esquerda (BE) e ao Partido Comunista Português (PCP). A estratégia de distanciamento da imagem de José Sócrates mostra que o PS sonha alto nas próximas eleições, quando pretende conquistar maioria absoluta no Parlamento e montar governo sem fazer concessões a parceiros de esquerda.
Corrupção faz cair governo da Espanha
Enquanto em Portugal um partido (PS) tenta se desvincular da imagem de um político acusado de corrupção, na Espanha é o ex-primeiro ministro, Mariano Rajoy, que tenta se desvencilhar da imagem do partido corrompido.
No começo deste mês, Rajoy perdeu o cargo em moção de censura. A legenda dele, o Partido Popular – PP, está no centro de uma gigantesca investigação de corrupção envolvendo políticos e empresários há décadas. A Audiência Nacional espanhola condenou 29 dos 37 acusados a penas que totalizam 351 anos de prisão.
É a primeira vez desde a redemocratização do país, nos anos 70, que um primeiro-ministro é forçado a sair do cargo por perder apoio do parlamento.
O Caso Gürtel – nome pelo qual ficou conhecida a investigação sobre a rede de corrupção envolvendo o PP – envolve um esquema que pode ter lesado os cofres públicos em mais de 40 milhões de euros entre 2000 e 2008.
Também a condenação de Iñaki Urdangarin, cunhado do rei Felipe VI da Espanha, a cinco anos e dez meses de cadeia, expôs um quadro de suspeitas de corrupção por políticos e pessoas ligadas ao poder na Europa.
No dia 13, ele foi condenado por desvio de fundos, prevaricação, fraude contra o Erário, delitos fiscais e tráfico de influências.
Ex-atleta de handebol, Urdangarin é casado com a infanta Cristina de Bourbon, irmã do rei. Espanha e Portugal estão no foco de uma série de investigações sobre corrupção e enfrentam escândalos envolvendo nome de autoridades e políticos.
Alemanha, França e Itália condenam ex-ministros
Portugal e Espanha não são os únicos países da Europa com casos recentes de corrupção envolvendo políticos e governantes que resultaram em condenações ou prisões.
Na Alemanha, houve o caso de Helmut Kohl, chanceler de 1982 a 1998, envolvido em um escândalo de financiamento irregular do seu partido, a União Democrata-Cristã (CDU).
A função de chanceler na Alemanha equivale à de primeiro-ministro em outros governos parlamentaristas. Kohl admitiu ter recebido doações não declaradas de 2 milhões de marcos, cerca de US$ 1 milhão. O CDU é o partido da atual chanceler Angela Merkel.
Na França, Jacques Chirac, ex-primeiro-ministro (1974-1976 e 1986-1988), foi condenado à prisão por ter contratado, como presidente da Câmara de Paris, funcionários para a campanha presidencial em que foi eleito para o período de 1995 a 2007. A pena acabou sendo suspensa.
O ex-primeiro ministro da Itália Silvio Berlusconi, que ocupou o cargo por nove anos, também enfrentou vários processos e uma condenação por fraude fiscal. A pena acabou transformada em prestação de um ano de serviço comunitário e em pagamento de multa de 10 milhões de euros.
Ciberia // Agência Brasil