Partes do crânio e fêmur são recuperadas em edifício incendiado, e pesquisadores dizem que os danos foram poucos. Fóssil humano é o mais antigo da América e uma das peças mais importantes da história natural do Brasil.
Museu Nacional
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19 outubro, 2018 Crânio de Luzia é encontrado nos escombros do Museu Nacional
Pesquisadores do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, afirmaram nesta sexta-feira (19/10) que encontraram o crânio de Luzia, o fóssil humano mais antigo descoberto na América e que revolucionou os estudos sobre o povoamento do continente americano.
Segundo a equipe de pesquisa do museu, os ossos foram encontrados há alguns dias nos escombros do edifício, que foi atingido por um incêndio de grandes proporções em 2 de setembro e teve grande parte de seu acervo de mais de 20 milhões de peças e documentos destruída.
O fóssil humano, apesar de danificado, foi protegido por um armário que caiu sobre a caixa de vidro onde estava envolvido, acabando por o proteger, disse a vice-diretora do museu, Cristiana Serejo em declarações à agência Reuters. “Boas notícias, um milagre, depois de toda a tragédia”, acrescentou.
Os técnicos informaram que 80% dos ossos de Luzia encontrados já foram identificados. O crânio está em fragmentos, porque a cola que os mantinha unidos derreteu com o calor das chamas. Na entrevista, contudo, a direção do museu celebrou as boas condições do fóssil.
O fóssil humano, apesar de danificado, foi protegido por um armário que caiu sobre a caixa de vidro onde estava envolvido, acabando por o proteger, disse a vice-diretora do museu, Cristiana Serejo, em declarações à agência Reuters. “Boas notícias, um milagre, depois de toda a tragédia”, acrescentou.
“Hoje é um dia feliz, conseguimos recuperar o crânio da Luzia, e o dano foi menor do que esperávamos. Os pedaços foram achados há alguns dias, eles sofreram alterações, danos, mas estamos muito otimistas com o achado e tudo que ele representa”, afirmou Cláudia Rodrigues, que faz parte da equipe de escavamento do Museu Nacional.
Ela contou que os ossos encontrados estavam em uma caixa de metal dentro de um armário, em um local estratégico do museu, justamente para preservar o fóssil de eventuais acidentes.
Segundo os pesquisadores, foram encontrados a parte frontal do crânio (testa e nariz), a parte lateral e o fragmento de um fêmur que também pertencia ao esqueleto. Os demais ossos de Luzia estavam expostos ao público do museu e ainda não foram localizados.
Os técnicos planejam agora trabalhar para a reconstrução do fóssil, mas antes precisam encontrar um laboratório apropriado para analisar os fragmentos e remontá-los.
O diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner, adiantou que vários outros itens do acervo da instituição foram encontrados pelas equipes de pesquisa, mas só serão divulgados após serem totalmente identificados.
O crânio de Luzia, um fóssil de mais de 11 mil anos, retrata a mulher mais antiga da América que se tem conhecimento. Ele foi encontrado na década de 1970 em Pedro Leopoldo, Minas Gerais, por uma missão francesa liderada pela arqueóloga Annette Laming-Emperaire.
Luzia é uma das peças mais importantes da história natural da América porque representou uma revolução nos estudos sobre o povoamento do continente americano.
O crânio e ossos da coxa e da bacia de Luzia foram achados em 1975, no Município de Pedro Leopoldo, Minas Gerais. Seu esqueleto foi datado de 11,5 mil anos atrás e ela deve ter morrido aos 25 anos. Neste século, seu rosto foi reconstituído na Inglaterra. Trata-se do esqueleto humano mais antigo encontrado no Brasil.
O fóssil da mulher de olhos grandes serviu de base para o antropólogo Walter Neves, da USP, propor, no final da década de 1980, que os primeiros habitantes do continente tinham a morfologia craniana diferente dos habitantes atuais da América. Foi Neves também quem apelidou carinhosamente o crânio da mulher mais antiga do Brasil de Luzia.