Arqueólogos encontraram em um cemitério na Itália os restos mortais de uma criança de 10 anos com uma pedra na boca, um antigo ritual funerário de vampiros praticado durante a Idade Média, que visava prevenir que o morto voltasse à vida.
O esqueleto dessa criança de 10 anos data do século XV, época em que a Itália foi afetada por uma praga de malária.
Os restos mortais indicam que a criança, cujo sexo não foi possível ainda identificar, teria morrido devido à doença, como notam os pesquisadores da Universidade do Arizona, nos EUA, que estão envolvidos nas escavações arqueológicas.
Os ossos da criança foram encontrados em um túmulo improvisado construído com telhas e há sinais de que a pedra foi colocada de forma intencional na sua boca, “as mandíbulas estão abertas” e “há marcas de dentes na superfície da pedra”, como explica a Universidade do Arizona em comunicado.
A criança também apresenta um abcesso em um dente, o que é considerado “um efeito secundário da malária”, frisam os pesquisadores.
O esqueleto foi encontrado em um cemitério que teria sido usado para enterrar bebês e crianças, que eram especialmente vulneráveis à malária. As pessoas tinham medo de que os corpos pudessem ressuscitar para espalhar de novo a doença, o que justifica a pedra na boca.
“É um tratamento mortuário muito incomum que se vê de várias formas em diferentes culturas, especialmente no mundo romano, e que poderia indicar que havia medo de que a pessoa pudesse voltar dos mortos e tentasse espalhar a doença pelos vivos”, destaca a bioarqueóloga Jordan Wilson, doutoranda da Universidade do Arizona.
Conhecida como o ‘Vampiro de Lugnano’, a criança de 10 anos foi a mais velha encontrada até agora no cemitério.
Em outro local no mesmo cemitério, foi encontrado o esqueleto de uma menina de 3 anos com pedras lhe segurando as mãos e os pés.
Na chamada “Necropoli dei Bambini” ou “A Necrópole das Crianças”, foram encontrados vários esqueletos de crianças e bebês enterrados ao lado de garras de corvos, ossos de sapos e caldeirões de bronze cheios de restos de cachorros sacrificados, vestígios que apontam para práticas de bruxaria.
“Sabemos que os romanos eram muito preocupados com isso, e iam até o extremo de utilizar bruxaria para evitar que o diabo – o que quer que contaminasse o corpo – saísse dele”, explica o professor de Antropologia da Universidade do Arizona, David Soren.
“Nunca via nada assim. É extremamente misterioso e estranho“, assume Soren, que acompanha as escavações no local desde 1987, em declarações divulgadas pelo Independent.
As escavações no local vão continuar, até porque há seções do cemitério ainda para explorar e que podem revelar novas surpresas.
Ciberia // ZAP