Criaturas marinhas ainda estão chegando do Japão aos EUA depois do tsunami de 2011

(dr) John Chapman / oregonstate.edu

Lesmas marinhas japonesas que deram à costa no Oregon, Estados Unidos, em 2015

Os resultados do tsunami de 2011 no Japão ainda podem ser observados. Meses depois do maremoto, objetos japoneses começaram a chegar à costa oeste dos EUA, nos estados do Havaí, Alaska, Washington, Oregon e Califórnia, além da província canadense de British Columbia.

Esses objetos anda estão chegando, e são recolhidos por equipes de voluntários que limpam as praias norte-americanas. A distância entre os dois países é de 7,7 mil km.

John Chapman, pesquisador da Universidade Estadual de Oregon, pediu que essas equipes enviassem os materiais para ele, que descobriu que 300 espécies de criaturas marinhas chegaram ao país agarradas aos objetos. Segundo o The Guardian, alguns deles são crustáceos, lesmas-do-mar e minhocas marinhas.

“Este acabou sendo o maior experimento natural não planejado da biologia marinha, talvez na história”, diz Chapman. A pesquisa foi publicada na revista Science.

O tsunami do dia 11 de março de 2011 criou cerca de cinco milhões de toneladas de detritos que foram engolidos pela onda e arrastados pelo mar. Especialistas calculam que 70% desses materiais tenham afundado próximo ao país, mas boias, docas, barcos e outros itens flutuantes foram levados pelo mar.

Alguns desses itens surpreenderam a todos, como uma bola de futebol de um adolescente japonês que perdeu a casa no desastre e uma Harley-Davidson que apareceu em uma praia canadense.

Entre junho de 2012 e fevereiro de 2017, 600 objetos foram recolhidos na costa oeste dos EUA com criaturas à bordo. Muitas das criaturas são descendentes daqueles que deixaram o Japão em 2011.

A diversidade é de cair o queixo”, diz James Carton, professor de ciências marinhas da Williams College, em Massachusetts. “É uma parte da fauna japonesa”.

O transporte de todas essas espécies através do Pacífico só foi possível por conta dos objetos plásticos produzidos por nós. Grandes tsunamis que atingiram o Japão antes da adoção desse tipo de material não produziram resultados semelhantes em termos de transferências de espécies. Materiais como plástico e fibra de vidro não se decompõem.

“Não achava que a maioria desses organismos de litoral teriam sobrevivido no mar por tanto tempo. Mas antes eles não tinham essa oportunidade. Agora o plástico combinado ao tsunami e eventos de tempestade podem criar essa oportunidade em grande escala”, diz Greg Ruiz, biólogo do Centro de Pesquisa Ambiental Smithsonian.

Apenas o tempo irá dizer se essas novas criaturas conseguiram colonizar a costa oeste dos EUA. Especialistas estão torcendo para que isso não ocorra, já que isso pode significar o fim de algumas espécies nativas.

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