Na última segunda-feira (8), durante uma entrevista na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), a chefe da unidade de doenças emergentes da Organização Mundial da Saúde (OMS), Maria Van Kerkhove, declarou que pacientes assintomáticos não estão impulsionando a disseminação da COVID-19.
“A partir dos dados que temos, ainda parece ser raro que uma pessoa assintomática realmente transmita adiante para um indivíduo secundário. É muito raro“. Já nesta terça-feira (9), Van Kerkhove negou que haja uma mudança de recomendação e explicou que a OMS não sabe dizer qual é a proporção de pessoas transmitindo o vírus.
Enquanto isso, Michael Ryan, diretor de operações da OMS, também negou que se saiba se pessoas assintomáticas podem não transmitir: “Isso é desconhecido ainda“.
Ele reitera que a melhor forma de combater o vírus é saber onde ele está para poder suprimir a transmissão. “Estamos subindo ainda a montanha. Precisamos adotar as medidas, pois sabemos que funciona. Ambos — sintomáticos e assintomáticos — contribuem para transmissão. A questão é saber qual é a proporção de cada um”, completou.
Na entrevista de segunda, Maria Van Kerkhove reconheceu que alguns estudos indicaram disseminação assintomática ou pré-sintomática em casas de repouso e em ambientes domésticos, mas que é necessário fazer mais pesquisas e obter mais dados para responder verdadeiramente à questão.
“Temos vários relatórios de países que estão realizando rastreamento de contatos muito detalhado”, disse ela. “Eles estão seguindo casos assintomáticos. Eles estão seguindo contatos. E eles não estão encontrando transmissão secundária em diante”, ressaltou.
Um relatório dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, publicado em 1º de abril, chegou a citar o “potencial de transmissão pré-sintomática” como uma razão da importância do distanciamento social: “Essas descobertas também sugerem que, para controlar a pandemia, pode não ser suficiente apenas pessoas com sintomas limitarem seu contato com outras pessoas, porque pessoas sem sintomas podem transmitir infecção”, afirmou o estudo do CDC.
De acordo com Van Kerkhove, as ações dos governos devem se concentrar na detecção e isolamento de pessoas infectadas com sintomas e no rastreamento de qualquer pessoa que possa ter entrado em contato com elas.
“O que realmente queremos focar é em seguir os casos sintomáticos. Se realmente acompanhássemos todos os casos sintomáticos, isolássemos esses casos, seguíssemos os contatos e os colocássemos em quarentena, reduziríamos drasticamente o surto”, apontou.
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