A Espanha vive forte onda de manifestações, desde o final de abril, quando uma sentença, considerada branda, foi dada ao grupo de jovens conhecido como “a manada”, acusados por um estupro coletivo em 2016.
O clima de revolta em que o país está imerso pode ter incentivado mais mulheres a denunciarem casos de violação. O número de denúncias aumentou mais de 28% no primeiro trimestre deste ano.
De acordo com um balanço divulgado pelo Ministério do Interior espanhol, apenas nos três primeiros meses deste ano, foram 371 denúncias de estupro, o que representa uma média de mais de quatro crimes por dia.
A revolta e a indignação levaram milhares de estudantes, a maioria mulheres, às ruas de diversas cidades espanholas ontem (10), em protesto à sentença dada pelo Tribunal de Navarra aos cinco acusados, após um julgamento longo e angustiante.
Os rapazes, com idades entre 27 e 29 anos, foram condenados a nove anos de prisão por abuso sexual, mas absolvidos do crime de agressão sexual, que inclui estupro. O entendimento da Justiça espanhola foi que, como a vítima não exerceu resistência, ficando imóvel e submissa às ordens que recebia, o crime de agressão não teria ocorrido.
Durante as manifestações de ontem, em Madri, as mulheres exibiam um grande cartaz onde se lia: “Não é abuso, é violação. Nós, sim, acreditamos em você”.
Podia-se ler ainda cartazes com os dizeres “nós somos a manada“, em referência ao nome do grupo no whatsapp que os rapazes usavam para se comunicar e no qual se vangloriavam de suas conquistas e sexo em grupo.
Outra repercussão do caso foi a polêmica sobre a comissão criada para estudar a mudança no Código Penal, no que diz respeito aos crimes sexuais. A comissão, que era composta apenas por homens, foi alvo de protestos e terá número equilibrado de mulheres e homens.