Dinossauro achado no Brasil foi pioneiro em ‘visual chamativo’ como dos pavões, mostra estudo

Bob Nicholls / Paleocreations

Há cerca de 110 milhões de anos, quando nem o Brasil e muito menos o carnaval existiam, um pequeno dinossauro vivendo na região do Crato, Ceará, parece ter antecipado a exuberância da festa que torna o país famoso mundialmente.

Descrita nesta segunda-feira (14/12) no periódico científico Cretaceous Research, a espécie Ubirajara jubatus se destaca como um dos dinossauros com aparência mais elaborada já descritos e ajuda a entender como “aves, tais quais os pavões, herdaram sua capacidade de se exibir”, segundo os autores do estudo.

Do tamanho aproximado de uma galinha, a nova espécie revelada pelos cientistas tinha uma crina ao longo do dorso e um par de “fitas” alongadas e rígidas provavelmente saindo do ombro — características nunca vistas antes em fósseis de dinossauros.

Estas fitas não são escamas, pelos ou penas como conhecemos, mas estruturas provavelmente únicas deste animal — apesar de semelhantes ao do pássaro Semioptera wallacii.

E para que tanto capricho? De acordo com os pesquisadores — atuando na Alemanha, Inglaterra e México —, possivelmente a aparência chamativa tinha a função de atrair parceiros ou intimidar inimigos.

“Para muitos animais, o sucesso evolutivo vai além de apenas buscar a sobrevivência — é preciso ter uma boa aparência para passar seus genes para a próxima geração”, explicou em um comunicado à imprensa Robert Smyth, da Universidade de Portsmouth, na Inglaterra.

“As aves modernas são conhecidas por sua plumagem elaborada e por detalhes chamativos que são usados para atrair parceiros — as caudas do pavão e da ave-do-paraíso macho são exemplos clássicos disso. O Ubirajara nos mostra que esta tendência de ‘se exibir’ não é apenas uma característica das aves, mas algo que elas herdaram de seus antepassados dinossauros.”

Os resultados publicados na Cretaceous Research tiveram como base um fóssil parcialmente preservado encontrado no Crato e levado para a Alemanha em 1995, onde atualmente faz parte do acervo do Museu Estadual de História Natural Karlsruhe.

Segundo os pesquisadores, o material foi encontrado em uma pedreira entre Nova Olinda e Santana do Cariri e teve exportação autorizada pelo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) do Brasil.

A equipe de cientistas explicou que a espécie foi batizada com a palavra em tupi Ubirajara, que remete a algo como senhor da lança — em referências às “fitas” que marcam o dinossauro; e com a palavra jubatus, do latim, que significa crina.

Esta, inclusive, provavelmente era controlada por músculos que permitiam que ela fosse eriçada, ajudando sua movimentação e disfarce quando necessário.

Vivendo no período Cretáceo, o Ubirajara jubatus faz parte da subordem de dinossauros Theropoda e é “parente” do dinossauro jurássico Compsognathus, encontrado na Europa.

O fóssil apresentado na Cretaceous Research era de um Ubirajara jubatus jovem e possivelmente macho, e marca também o primeiro dinossauro não-aviário encontrado no Crato, formação geológica no Brasil conhecida mundialmente por ter revelado vários fósseis relevantes para a paleontologia.

// BBC

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