A Espanha organizou, nesta quinta-feira (16), uma homenagem solene às vítimas da Covid-19, na presença de dirigentes europeus e da OMS (Organização Mundial da Saúde). Presidida pelo rei Felipe VI, a cerimônia começou por volta das 9h (4h em Brasília) no Palácio Real de Madri.
As cadeiras colocadas no pátio do palácio respeitavam rigorosamente a distância física e todos os participantes usavam máscaras. “Temos a obrigação moral e o dever cívico de lembrar com dignidade das vítimas. Nunca nos esqueceremos dos mortos, vocês não estão sós com a dor de vocês”, disse o rei Filipe ao lado do diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
Segundo um porta-voz das Nações Unidas, o representante participou da homenagem em memória “ao grande número de pessoas que perderam a vida por conta do vírus na Espanha”. No país, um dos mais atingidos pela epidemia na Europa, os profissionais de saúde tiveram que decidir qual paciente teria mais chances de sobrevivência porque não havia respiradores artificiais para todos nos hospitais.
O secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, também acenderam uma vela e depositaram flores para lembrar os mortos. Durante a cerimônia, espanhóis que foram contaminados ou perderam pessoas próximas também discursaram em público.
“Hoje simbolicamente, damos adeus às nossas mães, pais, filhos, irmãos e amigos. Pegamos em suas mãos, acariciamos seus rostos, beijamos suas testas, registramos seus rostos em nossos corações“, disse, em um discurso emocionado, Hernando Calleja, irmão de um jornalista espanhol, José María Calleja, que morreu depois de contrair a Covid-19.
Epidemia volta a assombrar a Europa
Um mês depois do fim da quarentena, a epidemia dá sinais de retomada na Espanha e outros países. Nesta quarta-feira (15), o país registrou quatro novas mortes e 390 contágios em 24 horas, o número mais alto desde o dia 22 de maio.
As regiões da Catalunha, Madri e Aragon acumulam três quartos dos novos contágios. As autoridades acompanham de perto cerca de 120 focos de contaminação. A situação mais preocupante é na Catalunha, no nordeste do país, na cidade de Lérida, onde cerca de 160.000 habitantes foram novamente confinados.
Os habitantes de três bairros do subúrbio de Barcelona, conhecido como L’Hospitalet de Llobregat, também deverão ficar em casa. Na região, os governadores vêm exigindo o uso obrigatório da máscara, mesmo quando a distância pode ser mantida.
A Espanha foi o sétimo país do mundo mais atingido pela epidemia, registrando oficialmente mais de 28.400 mortos. O governo afirma que atualmente tem condições legais e estruturais para suportar uma segunda onda, e com o fim do confinamento, o surgimento de focos de propagação já era esperado.
// RFI