A NASA já iniciou a contagem regressiva para o grande momento da missão OSIRIS-REx: a coleta de amostras do asteroide Bennu, que acontecerá no dia 20 de outubro. Será uma manobra complicada para a sonda espacial e um evento histórico para a agência espacial dos Estados Unidos.
O evento de coleta de amostras é chamado de TAG, da sigla para Touch-And-Go, porque a sonda vai apenas tocar a superfície da rocha espacial e voltar para o espaço. Além disso, há muitas rochas por perto do local-alvo, o que torna a manobra tão delicada. Qualquer erro pode fazer com que o material não seja pego ou, na pior das hipóteses, pode resultar em um acidente.
De acordo com a NASA, será como estacionar uma van em uma vaga de estacionamento apenas a alguns passos de grandes obstáculos. Por isso a agência espacial já realizou alguns testes para o evento TAG, com a sonda aproximando-se a distâncias cada vez mais curtas da superfície do Bennu. Em agosto, por exemplo, a OSIRIS-REx desceu até uma altitude de aproximadamente 40 metros do alvo onde a coleta será realizada.
Esse é um momento histórico porque será a primeira vez que a NASA coletará materiais de um asteroide e trará à Terra para estudos. O alvo será a cratera Nightingale, uma área rochosa de 16 metros de diâmetro no hemisfério norte do Bennu, onde o mecanismo robótico tocará o solo para pegar poeira e pequenos pedaços de rocha. O Nightingale é o lugar que contém a maior quantidade de material solto por lá, mas há diversos obstáculos por perto que podem danificar a nave.
Em uma publicação nesta quinta-feira (24), a NASA detalhou as manobras do evento TAG, explicando que tudo será feito em 4,5 horas. Na verdade, serão três manobras separadas para alcançar a superfície do Bennu.
A primeira delas começa um disparo dos propulsores da nave para sair da órbita atual, que é a uma distância de aproximadamente 770 metros. Depois de descer durante quatro horas, será executada a manobra chamada “Checkpoint”, a uma altitude aproximada de 125 metros. Cerca de 11 minutos depois, a OSIRIS-REx realizará outra queima de motores na manobra “Matchpoint”, a uma altitude de mais ou menos 54 metros, desacelerando a descida e mirando no alvo de contato com a superfície.
Então, a nave descerá até tocar o solo do Bennu, na cratera Nightingale, por menos de dezesseis segundos. Nesse tempo curtíssimo, a OSIRIS-REx vai disparar uma de suas três garrafas de nitrogênio pressurizado, o que fará com que o material seja agitado e fique preso no coletor de amostras. Por fim, os propulsores serão novamente ligados para afastar a nave da superfície e levá-la de volta para longe.
Há outros movimentos a serem executados pela sonda durante essas manobras. Uma das mais importantes acontece após a nave deixar a órbita atual. Nesse momento, a OSIRIS-REs realizará uma sequência de comandos, incluindo um que resulta no movimento do braço robótico de amostragem — o Touch-And-Go Sample Acquisition Mechanism (TAGSAM). Ele está dobrado, protegido dentro da nave, mas será estendido para se preparar para a coleta quando iniciar a descida rumo à superfície.
Além disso, os dois painéis solares mudarão de posição, para assumir o formato de asa em Y sobre o corpo da nave. Isso protegerá as placas de qualquer impacto com as rochas logo abaixo e coloca o centro de gravidade da OSIRIS-REx diretamente sobre a cabeça do TAGSAM. Isso é importante, pois o braço mecânico deve ser a única parte da nave a tocar o solo.
Outro mecanismo a se preparar é o Natural Feature Tracking (NFT), responsável pela navegação. A nave começará a coletar imagens de navegação cerca de 90 minutos após a partida da órbita, permitindo que o NFT compare esse mapa da superfície com um catálogo de imagens a bordo para se certificar de que está no caminho certo em direção à cratera. Também há um mapa integrado que mostra os perigos da região, para que o NFT “avise” à nave se ela estiver indo em direção a algum lugar com pedras que possam danificá-la.
Se o sistema NFT detectar que a nave está em uma direção perigosa, ela se moverá automaticamente para fora da rota assim que atingir uma altitude de 5 metros. Nesse caso, uma nova data será agendada para outra tentativa de coleta. Se tudo der certo, a equipe receberá um sinal da nave apenas 18.5 minutos depois, que é o tempo que leva para os sinais serem transmitidos de e para a OSIRIS-REx. Afinal, o Bennu está a 334 milhões de km de distância da Terra.
O objetivo da missão é coletar 60 gramas de material rochoso do asteroide e a NASA tem dois métodos para verificar se tudo correu de acordo com o planejado. O primeiro é através da câmera SamCam, que no dia 22 de outubro vai capturar imagens da cabeça do TAGSAM para ver se as amostras estão lá dentro. No dia 24 do mesmo mês, a nave vai executar uma manobra para que seja possível calcular a massa do material coletado.
Se as ssas medidas estiverem de acordo com os objetivos da NASA, a amostra será colocada em uma cápsula apelidada de SRC, que protegerá o material durante a viagem de volta para a Terra. Se a quantidade de material coletado foi insuficiente, a nave ainda poderá realizar mais duas tentativas, o que poderá adiar o evento TAG para janeiro de 2021. A OSIRIS-REx está programada para partir de Bennu ano que vem e as amostras devem chegar à Terra em 24 de setembro de 2023.
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