Um estudo concluiu que em todas as cidades europeias haverá um aumento das condições de seca, particularmente na região sul, de inundações, sobretudo no noroeste, e agravamento das ondas de calor.
Selma Guerreiro, especialista em hidrologia e mudanças climáticas, faz parte de uma equipe de cientistas da Universidade de Newcastle, que analisou pela primeira vez mudanças no impacto de cheias, secas e ondas de calor em todas as cidades europeias utilizando modelos climáticos.
A capital portuguesa está no top das capitais com um aumento da frequência e magnitude de episódios de seca.
De acordo com o estudo, publicado recentemente nas Environmental Research Letters, o impacto de cheias, secas e ondas de calor excederá no período 2050-2100 as previsões anteriores, refere a universidade britânica em comunicado.
Através de projeções de todos os modelos climáticos disponíveis, associadas a um aumento global da temperatura entre 2,6ºC e 4,8ºC (decorrente de altas emissões de gases de efeito estufa), os cientistas foram capazes de estabelecer três cenários de impacto – baixo, médio e alto.
No entanto, mesmo no cenário mais otimista, o baixo impacto, todas as cidades europeias terão um aumento do número de dias de onda de calor e do valor da temperatura máxima. No período 2051-2100, cidades espanholas como Málaga e Almería terão mais que o dobro dos episódios de seca registrados entre 1951 e 2000.
No cenário mais pessimista, 98% das cidades europeias terão situações de seca mais graves e cidades da região sul poderão sofrer secas 14 vezes piores.
Face aos resultados preocupantes obtidos no estudo, os cientistas realçam a necessidade urgente de projetar e adaptar as cidades europeias para as condições meteorológicas que podem acontecer no futuro próximo.
O sul da Europa terá, segundo consta no estudo, o maior aumento no número de dias de ondas de calor. Cidades do centro da Europa vão apresentar o maior crescimento em valores de temperatura máxima, entre 2ºC e 7ºC, para o cenário mais otimista, e entre 8ºC e 14ºC, para o cenário mais pessimista.
Ainda assim, em um cenário menos pessimista, as condições de seca só se intensificam em cidades do sul da Europa (ao redor do Mar Mediterrâneo), ao passo que as cheias só pioram na região noroeste.
Lisboa e Madrid figuram na lista das principais capitais europeias com um aumento estimado da frequência e magnitude dos episódios de seca, enquanto Atenas, Nicósia, Valetta e Sofia poderão ter os piores aumentos de ondas de calor e seca.
No cenário mais grave, em diversas cidades, haverá um aumento de mais de 80% no pico do fluxo dos rios.
Ciberia // ZAP