A falta de CO₂ começa a causar problemas na Europa durante a Copa da Rússia. A escassez de dióxido de carbono tem afetado o setor de alimentos e bebidas, especialmente as indústrias de carne e cerveja.
Até a Coca-Cola decidiu interromper temporariamente a produção de bebidas na fábrica do Reino Unido. “É a situação mais grave no suprimento de dióxido de carbono europeu em décadas”, afirmou a revista especializada Gas World, que revelou o problema.
O dióxido de carbono tem vários aplicações na indústria de alimentos e bebidas. O CO₂ é responsável por gaseificar cervejas e cidras (muito populares no Reino Unido), atordoar animais antes do abate e funciona também como conservante, aumentando a vida útil de produtos embalados, como carne fresca.
O gás também é usado para criar gelo seco, outro produto importante na indústria alimentícia para manter os produtos refrigerados durante a distribuição.
Fora do setor da alimentação, o CO₂ também é usado em determinados procedimentos médicos, na fabricação de dispositivos semicondutores e por empresas petrolíferas para melhorar a extração do óleo.
Por que há escassez?
Uma das principais fontes de CO₂ é a produção de amoníaco, composto utilizado frequentemente na indústria de fertilizantes. No entanto, a indústria agrícola de fertilizantes na Europa costuma fechar no verão, afetando cinco das maiores empresas produtoras de dióxido de carbono líquido na Europa, segundo o Financial Times.
“Veio absolutamente na hora errada porque é a Copa e o pico do verão“, disse um representante da produtora de cervejas Beavertown, citado pelo jornal Expresso.
“As pessoas querem ver futebol e beber cerveja. Estamos quase esgotados, mas nessa situação queremos sempre ter uma reserva, portanto, talvez ainda aguentamos mais uma semana.”
A Associação Britânica de Cervejas e Pubs, por sua vez, explicou: “as questões de fornecimento aqui no Reino Unido se complicam ainda mais por uma combinação dos encerramentos planejados de fábricas com falhas inesperadas de equipamento, particularmente em relação a um dos dois maiores produtores de CO2 bruto”.
Além disso, os preços baixos atuais do amoníaco dão aos produtores pouco incentivo para retomar a produção. A produção de amoníaco foi gravemente afetada nos últimos tempos, mas, este ano, coincidiu com a realização da Copa da Rússia, quando o consumo e procura são maiores.
Estabelecimentos afetados
A escassez de CO₂ afetou diretamente os produtores de bebidas na Europa, desde as empresa maiores até as menores. A maior rede de pubs da Grã-Bretanha, a Wetherspoon, disse ter em falta “temporária” de duas das suas bebidas mais populares: a cerveja John Smith’s e a cidra Strongbow, ambas produzidas pela Heineken.
Segundo informações da mídia britânica, a Coca-Cola também disse ter suspendido, por um curto período, a produção de algumas de suas bebidas, assegurando que a pausa na produção não teria impacto no fornecimento.
A indústria alimentar do Reino Unido espera que o volume das mercadorias volte ao normal no início do mês de julho, reclamando da falta de comunicação por parte dos fornecedores de dióxido de carbono.