O fotógrafo sírio Abd Alkader Habak se tornou um improvável herói do conflito que prossegue no país do Oriente Médio depois de ter sido fotografado salvando uma criança enquanto chorava, após o bombardeio a um trem humanitário perto de Aleppo.
A imagem do fotógrafo de joelhos no chão, chorando, com as labaredas consumindo os carros como pano de fundo e o corpo de uma criança morta em primeiro plano está correndo o mundo.
Abd Alkader Habak estava em Rashidin, perto de Aleppo, registrando imagens da evacuação de civis de áreas sob bombardeio quando um trem humanitário foi alvo de um ataque. Morreram 126 pessoas, entre as quais 68 crianças.
O fotógrafo conta ao Channel 4 News que “estava sentado ao lado de um carro, distribuindo comida às crianças” quando “houve uma grande explosão”.
“A minha câmara caiu no chão e fui lançado para trás”, revela Habak, salientando que enquanto filmava, percebeu que um garoto precisava de ajuda. Foi então que deixou a câmara gravando e foi retirar a criança da zona das chamas.
“Olhei para o rosto dele e percebi que respirava. Então o peguei e comecei a correr em direção à ambulância. Não sei o que aconteceu à criança, mas a coloquei em uma ambulância que a levou para um dos hospitais dentro da área dos rebeldes”, revela ainda Habak no Channel 4 News.
Pelo Twitter, várias pessoas têm destacado o gesto de Habak, como o jornalista espanhol Miguel A. Rodríguez, destacando o momento em que “um fotógrafo se quebranta após salvar vidas”.
O próprio Habak fez, através do seu perfil do Twitter, referência à imagem lembrando que outros elementos da imprensa, presentes no momento da explosão, também socorreram pessoas.
“O que eu e os meus colegas fizemos hoje é o que inspira a nossa humanidade face aos que foram parceiros na morte das crianças de Khan Sheikhan”, escreve o fotógrafo em alusão à cidade onde ocorreu um ataque com armas químicas e que teria sido levado a cabo pelo exército da Síria.
Antes da explosão em Rashidin, Habak tinha publicado uma mensagem no Twitter em que escrevia estar à espera da “chegada dos pais” e dos ônibus com pessoas de Kfraya e Al-Fu’a, que esperavam ser evacuadas no momento em que ocorreu a explosão, no sábado passado.
O fotógrafo tem documentado a guerra na Síria, publicando na rede social diversas imagens registradas em plena zona de conflito, em Aleppo, como os pós-bombardeios da aviação russa com bombas de fósforo.
// ZAP