Muito além da diversão e da interatividade, desde a criação de controles sem fio e comandos sensíveis aos movimentos do corpo, o videogame deixou de ser uma atividade sedentária. E agora deixa de ser também uma opção exclusiva para quem está em busca de diversão.
Os jogos são amplamente recomendados por médicos e fisioterapeutas para reabilitação de jovens e idosos com problemas vasculares, degenerativos ou lesões após acidentes. Jogos trabalham movimentos, coordenação motora, equilíbrio e memória.
As terapias para recuperação de pacientes com danos cerebrais dificilmente seriam vistas como divertidas anos atrás.
Porém, pesquisadores da área médica têm se dedicado a estudar o potencial dos jogos digitais para a recuperação de pacientes neurológicos. Diversos estudos publicados nos últimos anos revelam o potencial dos jogos no aumento da motivação e na melhora do desempenho durante tratamentos médicos.
Após um levantamento de 18 estudos nos últimos 10 anos, a pesquisa mostrou que em 15 deles o uso de videogames durante a terapia resultou em uma melhora significativa no desempenho dos pacientes, um índice de 83% de sucesso. O aparelho mais usado foi o Nintendo Wii, em 34% das pesquisas analisadas.
O Nintendo Wii foi um dos pioneiros na movimentação do corpo a partir de jogos digitais, uma vez que possui um sensor no controle que os jogadores devem segurar para executar movimentos. O aparelho se popularizou entre um público que não se interessava muito por games, mas desejava ter mais incentivo para praticar exercícios em casa.
Não por acaso, o Wii conta com uma grande variedade de jogos voltados para as atividades físicas. Enxergando esse potencial motivador, pesquisadores da área médica passaram a investir pesado no Wii.
O uso do Wii em tratamentos de fisioterapia ficou conhecido como “wiiterapia” e ganhou adeptos em centros de pesquisa e hospitais em todo o mundo, entre eles o Hospital das Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).
Além dos pacientes em recuperação de AVC, o tratamento também é indicado para paralisias e lesões musculares. A terapia é feita sempre com acompanhamento profissional, que supervisiona a execução dos movimentos e a adequação do programa de exercícios.
De acordo com os pesquisadores é preciso muita cautela com a publicidade dos jogos focados no treinamento do cérebro, constantemente exagerada. “Nenhum estudo demonstrou que jogar ‘brain games’ cura ou previne Alzheimer ou outras formas de demências”, diz o documento.
Os fatores que provocam as enfermidades em questão dependem de uma grande complexidade de variáveis que envolvem inclusive tendências genéticas e estilo de vida, e seria precipitado exagerar na importância dos games sem levar em conta todos esses fatores, segundo os signatários do consenso.
Apesar dos videogames terem demonstrado ser aliados úteis na luta contra doenças neurológicas, o acompanhamento de especialistas e a combinação da gameterapia com outros métodos mais tradicionais é importante para que os resultados sejam realmente significativos.
Memore by RetroBrain R&D from RetroBrain R&D on Vimeo.
Ciberia // Razões para Acreditar