A companhia espacial SpaceX vai fazer mais um lançamento com o foguete Falcon 9 no próximo sábado. E a carga desta vez é muito especial.
A carga útil primária será um satélite espanhol para o cliente Paz. No entanto, a carga secundária é muito interessante, uma vez que se trata de dois satélites demonstrativos que a empresa quer colocar em órbita para testar o plano de oferecer serviço de comunicação via internet de banda larga para o mundo todo.
Os pequenos satélites – Microsat-2A e Microsat-2B – têm uma vida útil planejada de apenas 20 meses. Ambos irão conter transmissores de banda larga e, uma vez em órbita, a companhia testará a conectividade com várias estações terrestres, incluindo estações móveis e uma lista de locais que inclui os escritórios do CEO Elon Musk, como o da empresa de carros elétricos Tesla.
A SpaceX tem mantido segredo sobre o plano para oferecer acesso à internet generalizado. Durante uma coletiva de imprensa na semana passada, Musk não quis falar sobre o projeto, informalmente conhecido como Starlink.
No entanto, é difícil manter sigilo quando existem tantos documentos públicos em volta da proposta.
O que sabemos é que, nos próximos anos, a empresa espera lançar 4.255 satélites interligados de internet de banda larga para orbitar a cerca de 1.120 a 1.280 quilômetros acima da Terra, além de outros 7.500 em órbitas inferiores.
Os documentos de aprovação do teste de sábado sugerem que o par de satélites será enviado a uma órbita cerca de 510 quilômetros acima da Terra. Em comparação, a Estação Espacial Internacional (EEI) orbita o planeta a cerca de 400 quilômetros. Também indicam que a empresa trabalha com parceiros na Argentina, Noruega e Nova Zelândia.
Hoje, cerca de 1.740 satélites ativos orbitam a Terra, além de 2.600 satélites mortos que estão provavelmente flutuando no espaço. A frota planejada da SpaceX, de cerca de 12 mil satélites, seria quase três vezes maior.
A SpaceX está em uma corrida cada vez mais competitiva para estabelecer acesso à internet rápido, generalizado e acessível por todo o planeta. A empresa acha que esse mercado vale dezenas, senão centenas, de milhares de milhões de dólares por ano.
Uma rede de satélites espacial eliminaria obstáculos e despesas de instalar tecnologias em terra. Desafios comuns associados à localização, escavação de buracos, colocação de fibra e tratamento de direitos de propriedade, por exemplo, são todos diminuídos por uma rede baseada no espaço.
Os custos mais baixos também poderiam resolver questões de acesso. Em um pedido legal de julho de 2016, a SpaceX incluiu um dado de um relatório da Unesco afirmando que “4,2 bilhões de pessoas (ou 57% da população mundial) estão offline por uma ampla gama de razões”, incluindo o fato de que a conectividade necessária não está presente ou não é acessível.
O plano de Musk é oferecer ao planeta inteiro internet com velocidade de 1 giga por segundo. A velocidade média global no final de 2015, de acordo com um relatório da empresa Akamai, era de 5,6 megabytes por segundo, ou 1/170 da velocidade-alvo da SpaceX. Essa internet poderia ser acessada através de dispositivos relativamente pequenos que Musk disse em 2015 que custariam entre 100 e 300 dólares.
Ciberia // Business Insider / HypeScience / ZAP