O governo de Hong Kong planeja limitar o acesso à Internet três dias depois de o uso de máscaras ter sido proibido nas manifestações, A medida, entretanto, revoltou os opositores, que convocaram ainda mais protestos.
“Enquanto houver meios de reprimir os distúrbios, o governo não poderá descartar a possibilidade de proibir a Internet“, disse Ip Kwok-ele, membro do conselho executivo e deputado pró-Pequim. A Internet é uma ferramenta indispensável para o movimento pró-democracia, que usa fóruns online e mensagens criptografadas para organizar suas ações de protesto.
No entanto, Ip, que é membro do órgão consultivo da chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, enfatizou que restringir o acesso à Internet pode ter consequências terríveis para o território. “Acho que uma das condições para a implementação da proibição da Internet seria que isso não afete as empresas de Hong Kong”, acrescentou.
O anúncio acontece após três dias seguidos de “flashmobs” (ações relâmpago) e protestos não autorizados. Alguns manifestantes radicais vandalizaram escritórios do governo, filiais de vários bancos e estações de metrô da China. Grande parte da rede metroviária foi suspensa por três dias.
Mobilização cresceu
Empresas com vínculos com a China também foram atacadas, como agências de bancos chineses. A mobilização se tornou especialmente violenta depois que, na sexta-feira (4), Carrie Lam decidiu recorrer a uma lei de emergência para proibir o uso de máscaras nos protestos. A medida agitou os ânimos, e milhares de pessoas desafiaram a proibição, manifestando-se com o rosto coberto.
Desde 1º de outubro, a mobilização se intensificou. Os piores confrontos até agora ocorreram nesta data, quando a República Popular da China comemorou o 70º aniversário de sua fundação. Naquele dia, pela primeira vez, um policial disparou uma bala de verdade contra um estudante de 18 anos, que ficou gravemente ferido.
Durante o fim de semana, os manifestantes se concentraram nos bairros do centro da ilha de Hong Konge, do outro lado da baía, na península de Kowloon, apesar das fortes chuvas.
// RFI