O Primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e o seu principal adversário político, o líder centrista Benny Gantz, anunciaram a formação de um “governo de união de emergência”, para fazer uma frente comum perante a crise do coronavírus.
Depois de semanas de indecisão e encontros infrutíferos, os eternos rivais cujos resultados eleitorais se mantiveram sempre semelhantes ao longo das 3 legislativas organizadas em menos de um ano em Israel, puseram fim a 16 meses de crise política, a mais longa da história do país.
Ao final da tarde, as respectivas formações políticas de Benjamin Netanyahu, 70 anos, Primeiro-ministro de Israel desde 2009 e do centrista Benny Gantz, 60 anos, antigo chefe de Estado-Maior das Forças Armadas israelitas entre 2011 e 2015, confirmaram que os dois políticos se avistaram hoje pouco antes do início de Yom Hashoah, o “Dia do Holocausto” e acabaram por chegar a um entendimento, isto poucos dias depois de o Presidente israelita ter mandatado a Knesset para encontrar um outro candidato ao posto de chefe do governo.
Na sequência das últimas legislativas organizadas no passado dia 2 de Março, o Presidente israelita Reuven Rivlin tinha indigitado Benny Gantz para formar um governo, mas na semana passada terminou o prazo para este último apresentar uma proposta, sem governo à vista.
Na ausência de alianças sólidas e perante a chegada da epidemia do coronavírus, o líder centrista até então inflexível sobre a eventualidade de partilhar o poder com Netanyahu por este último ser acusado de corrupção, criou a surpresa ao propor a formação de um governo de “unidade e emergência” juntamente com o seu rival que é suposto comparecer perante a justiça em Maio.
De acordo com a imprensa israelita, o que ficou estabelecido é que, durante os 3 anos de governação partilhada, Netanyahu permaneça na chefia do governo durante os primeiros 18 meses, período após o qual Gantz irá suceder-lhe nos 18 meses restantes, sendo que o pacto prevê também um número igual de ministros para ambos os campos e a possibilidade de outros partidos se juntarem a eles para tirar o país da crise.
Antes mesmo de ter sido confirmado, este cenário tem estado longe de fazer a unanimidade, alguns dos apoiantes de Gantz considerando que ele voltou atrás nos seus compromissos eleitorais de “uma democracia limpa” ao estender a mão ao seu adversário político. Ontem, em plena epidemia de coronavírus, milhares de manifestantes saíram às ruas de Tel-Aviv, a capital, respeitando as distâncias de segurança e de rosto protegido, para protestar sob o lema “salvemos a democracia”.
Também avessa a este acordo, a Alta Autoridade Palestiniana condenou esta noite a formação deste governo de união, considerando-o “favorável à anexação de partes da Cisjordânia” ocupada e por conseguinte uma ameaça à solução com dois Estados.
É por conseguinte num contexto de desconfiança tanto a nível interno como a nível externo que o governo de união deveria entrar em funções, numa altura em que o processo de paz israelo-palestiniano está no ponto morto e em que, por outro lado, apesar de o país estar a registar uma diminuição do número de pessoas em reanimação devido ao covid-19, Israel continua a braços com a doença que, segundo um último balanço infectou mais de 13 mil pessoas e matou 177 no seu território.
// RFI