Maratonas de séries ou filmes contribuem para o aquecimento global, diz estudo

Dois estudos publicados nos Estados Unidos vieram para mostrar um lado que pouca gente pensa sobre o mundo do streaming de conteúdo: a poluição gerada.

E, de acordo com os pesquisadores, a atividade pode parecer mais verde, mas é só aparência mesmo, com um dos relatórios projetando um aumento de 0,3% nas emissões de carbono por conta das atividades, um total que só deve dobrar ao longo dos próximos anos.

A conclusão é de um estudo publicado na revista científica Nature, que associa a necessidade cada vez maior de data centers e sistemas de transmissão a um aumento na poluição gerada pela indústria da tecnologia.

E enquanto nomes como Google, Apple e Facebook trabalham para se tornarem sustentáveis, o mesmo não pode ser dito das companhias de streaming de conteúdo, que não fazem esforços nesse sentido ou não caminham nele em velocidade equivalente às suas necessidades energéticas.

Um segundo estudo segue nesse mesmo sentido e afirma com veemência que o consumo de conteúdo por streaming pode até parecer mais limpo do que a velha atividade de ir à locadora, mas essa é apenas uma sensação.

De acordo com a consultoria Shift Project, meia hora de seriado ou filme equivale a um passeio de carro de 6,2 quilômetros, distância, inclusive, maior do que a costumeira para chegar a um velho estabelecimento do tipo nas grandes cidades.

De acordo com a pesquisa, o mercado global de streaming gerou, em 2018, a mesma quantidade de emissões de carbono do que toda a Espanha. A Shift Project prevê esse total dobrando, também, nos próximos anos, na medida em que mais plataformas são lançadas, usuários assinam os serviços e mais shows são disponibilizados ao público.

O Greenpeace concorda com essa noção e aponta o aumento nas resoluções e na qualidade como um fator a ser considerado. Arquivos maiores exigem mais espaço, com data centers em expansão e, logicamente, maior gasto de energia. Novamente, a conta não fecha, com o crescimento das infraestruturas nem de longe acompanhando a popularização da energia limpa ou das iniciativas sustentáveis.

Estimativas do próprio mercado da tecnologia desenham esse cenário. De acordo com a Huawei, por exemplo, 4% de toda a eletricidade gerada no mundo será consumida pelos data centers até 2030, enquanto, já em 2022, 80% de todo o tráfego de internet será composto por conteúdos via streaming.

Novamente, é uma conta que não parece fechar direito, principalmente quando se leva em conta que, em casa, o aumento no consumo de televisores de tela plana e resoluções 4K também levaram a um incremento de 30% na utilização de energia.

O Greenpeace, porém, sabe que pedir uma redução no uso do streaming não é adequado, portanto, volta seu foco para as empresas. A ideia é trabalhar em iniciativas para garantir que as plataformas de streaming passem a usar energia sustentável e contribuam para projetos dessa categoria, de forma a reduzir seu impacto poluente no meio ambiente.

A organização pede que os usuários façam o mesmo e deem preferência a plataformas que já funcionam em ambientes dessa categoria.

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