Está finalmente explicada a origem dos esqueletos dos vertebrados, graças a raios-X superpotentes que permitiram resolver um mistério com 160 anos, em uma parceria de pesquisa entre cientistas britânicos e suíços.
Pesquisadores das Universidades de Manchester e de Bristol, no Reino Unido, e do Instituto Paul Scherrer, na Suíça, conseguiram resolver o mistério da origem dos esqueletos dos vertebrados, onde se incluem os humanos.
Os cientistas tiveram como ponto de partida um grupo de fósseis de peixes chamados heterostracans, que viveram há cerca de 400 milhões de anos, e que revelam evidências da evolução primitiva dos esqueletos vertebrados.
Os vertebrados atuais têm esqueletos construídos em osso e cartilagem, e em dentina e esmalte, que compõem os dentes. Estes tecidos são “únicos porque se tornam mineralizados à medida que se desenvolvem, conferindo ao esqueleto força e rigidez”, explica a Universidade de Manchester em comunicado.
Os heterostracans incluem “alguns dos mais antigos vertebrados com esqueletos mineralizados já descobertos”, informa a instituição.
Mas até agora, não se sabia que tipo de tecido formava os esqueletos dos heterostracans. O enigma foi finalmente resolvido com recurso à tecnologia de ponta baseada na Luz Síncrotron. Os cientistas usaram uma técnica inovadora de tomografia computorizada que recorre a raios-X de alta potência, produzidos por um acelerador de partículas, para “ver” o interior dos esqueletos dos heterostracans.
Foi assim que descobriram que “os esqueletos dos heterostracans são feitos de um tecido muito estranho chamado aspidina” que “é atravessado por pequenos tubos e não se assemelha a nenhum dos tecidos encontrados nos vertebrados atuais”, como explica o pesquisador que liderou a pesquisa, Joseph Keating, da Universidade de Manchester.
“Durante 160 anos, os cientistas se perguntaram se a aspidina é uma fase de transição na evolução dos tecidos mineralizados”, acrescenta Keating citado no comunicado da Universidade.
No estudo, publicado na Nature Ecology and Evolution, os cientistas relevam que os pequenos tubos que formam a aspidina “são vácuos que originalmente abrigavam feixes de fibras de colágeno, uma proteína encontrada na nossa pele e nos ossos”.
Keating nota, assim, que a aspidina é a evidência mais primitiva de osso nos registros fósseis.
“As descobertas mudam a nossa perspectiva sobre a evolução do esqueleto”, acrescenta o coautor do estudo, Phil Donoghue, professor da Universidade de Bristol.
“Acreditava-se que a aspidina era o percursor dos tecidos vertebrados mineralizados”, sustenta, concluindo que a pesquisa mostra que, de fato, “é um tipo de osso, e que todos esses tecidos devem ter evoluído há milhões de anos”.
Ciberia // ZAP