Em 2018, paleontólogos encontraram um fóssil de um anquilossauro com espigões no crânio em Utah, nos EUA. A maioria dos dinossauros encontrados na área tinha uma armadura óssea suave no crânio, o que intrigou os cientistas que só agora conseguiram desvendar o mistério.
Depois de dez anos de pesquisa, a pesquisa foi finalmente publicada na quinta-feira (20) na revista PeerJ, confirmando que esses fósseis estranhos são, na verdade, um novo tipo de dinossauro, atualmente representado por uma espécie – Akainacephalus johnsoni.
O nome do gênero Akainacephalus descreve o crânio único do animal, pois as palavras gregas “akaina” e “cephalus” significam, respectivamente, “ponta” e “cabeça”.
Ankylosaurids é uma família de dinossauros “blindados” que viveu durante o período Cretáceo – entre 100 e 66 milhões de anos. Na maioria, esses animais eram herbívoros e passavam seus dias se arrastando, dando, por vezes, cabeçadas em outros animais.
Existem muitos tipos diferentes de ankylosaurids, mas a maioria desses animais são oriundos do oeste da América do Norte durante o Cretáceo Superior e tinham uma armadura óssea suave nas cabeças.
A espécie de dinossauros de cabeça “espetada” foi descoberta há 76 milhões de anos, mas os cientistas perceberam, desde cedo, que os vestígios encontrados em Utah não eram exatamente como os restantes – e levou bastante tempo até enquadrar esses animais na árvore genealógica dos dinossauros.
Ao contrário do que seria de se esperar, esse novo tipo de dinossauro encontrado nos EUA não se relacionava com os anquilossauros encontrados no oeste da América do Norte. A equipe de pesquisa descobriu que a espécie akainacephalus johnsoni estava mais ligada aos anquilossauros asiáticos, como a Saichania e a Tarchia.
“Uma hipótese razoável seria que os anquilossauros de Utah estivessem relacionados com os animais encontrados em outros lugares no oeste da América do Norte, por isso ficamos surpreendidos ao descobrir que Akainacephalus está relacionada com espécies da Ásia”, disse Randall Irmis, curador de Paleontologia no Museu de História Natural de Utah.
Essa diferença geográfica significa que houve, pelo menos, dois movimentos migratórios durante o Cretáceo Superior. E, como Akainacephalus e um parente próximo de Nodocephalosaurus acabaram ambos no norte da América, tiveram que, em algum momento, vagar por terras asiáticas.
“É sempre excitante fazer a taxonomia de um novo fóssil. Mas é igualmente empolgante se esse táxon também fornecer informações sobre a pintura geral da sua vida, como sua dieta alimentar, seu comportamento ou o ambiente em que viveu”, explicou um dos autores do estudo, Jelle Wiersma.
“Esse não é o primeiro dinossauro Akainacephalus do Cretáceo Superior descrito e identificado em Utah, mas esse animal único também fortalece a evidência de que existiam diferentes origens de norte a sul durante o período da antiga Laramidia”.
O esqueleto encontrado é o anquilossauro mais completo do Cretáceo Superior da região. Inclui um crânio completo, um conjunto de vértebras, uma cauda completa e até algumas partes dos membros anteriores e posteriores.
O dinossauro foi encontrado em 2008, mas só quatro anos depois é que foi possível remover todos os fósseis da rocha e dos escombros que estavam à sua volta.
“É extremamente fascinante e importante para a ciência da paleontologia que possamos ler tanta informação do registro fóssil, nos permitindo entender melhor os organismos extintos e os ecossistemas dos quais faziam parte”, concluiu Jelle Wiersma.
Ciberia // ZAP