Além de enfrentar nove processos trabalhistas na Justiça, o Uber começa a lidar com uma queda no número de motoristas cadastrados no aplicativo. E a maioria deles decidiu sair por vontade própria ao afirmar que a empresa não tem muitos benefícios para tantas horas trabalhadas.
De acordo com uma reportagem do Estadão, os condutores se dizem decepcionados diante do baixo retorno financeiro, e acusam a companhia de fazer pressão psicológica. Um desses motoristas é Amauri Antônio Pereira, de 52 anos, que trabalhou usando o app por um ano, antes de desistir. Segundo ele, que voltou a trabalhar com serviço de carretas, a plataforma é “pura ilusão” e “engana o trabalhador”. “Promete que você vai ganhar R$ 7 mil, então você se mata, trabalha 12 horas por dia e não ganha [mais do que] R$ 3 mil”, disse.
Marcelo Eduardo de Sousa, de 41 anos, aguentou apenas duas semanas. Ele afirmou que seu propósito era tirar R$ 250 por dia, mas que não passou da metade desse valor. “Ficar dependendo do Uber traz sérios danos para a sua vida financeira e pessoal. Não volto nunca mais”, disse. Já o motoboy Fabiano Andrade, de 42, declarou que, nos cinco meses em que esteve trabalhando, o aplicativo só gerou desgaste físico e dívidas. Andrade classificou a situação como “desumana”.
Moacir de Oliveira, de 37, passou um ano e meio no Uber, e destaca que a empresa não oferece nenhum apoio ou retorno financeiro. “Pressão psicológica existe a todo momento, a gente recebe mensagem e e-mail se desligar o aplicativo. A empresa pode bloquear o motorista. É quase um regime de escravidão, o valor que fica é irrisório“, explicou.
O Uber se defende ao dizer que são os motoristas que contratam o app, e não o inverso, já que os condutores têm independência para montar seus horários e prestar seus serviços quanto, quando e como quiserem. Contudo, isso parece não ser suficiente para atender as principais solicitações de quem trabalha usando a ferramenta, mesmo que a taxa cobrada pelo Uber seja entre 10% e 30%, dependendo da modalidade que o motorista escolheu para atuar.
“O Uber não está preocupado com a rentabilidade dos parceiros. A empresa só tem olhos para a própria rentabilidade. Por isso, existe rotatividade grande, com muitos motoristas saindo”, disse Flamínio Fichmann, consultor especializado em Transportes. Na opinião do especialista, os interesses do Uber seriam de “lucratividade máxima” e não incluiriam preocupações com “componentes sociais”.
Ainda em sua defesa, o Uber alega que “os motoristas parceiros usam a plataforma para benefícios individualizados, de forma independente e autônoma”, com base em seu interesse e disponibilidade. A companhia ressalta que não existem taxas extras, nem compromissos, e que os condutores podem ficar meses sem se logar no app – se assim quiserem.
// Canal Tech
Entre 10% e 30% é o cacete! Já vi chegar a 50%. Principalmente neste novo regime onde recebemos fixo por km rodado + tempo. Se você pegar um atalho, quem se dá bem é a uber porque irá te pagar menos já que você percorreu menos km que o previsto…