Termômetros registraram a temperatura de 38ºC na cidade russa Verkhoyansk nesse último final de semana. A região siberiana normalmente tem temperaturas muito mais baixas, mesmo no verão do hemisfério norte.
Esse é um problema gravíssimo na região de permafrost, uma vez que o derretimento desse solo que deveria ficar permanentemente congelado libera quantias enormes de metano, um gás de efeito estufa 28 vezes mais potente que o CO2.
O derretimento do permafrost já está visível ao ponto de fazer com que construções rachem por conta da perda de sustentação do solo. Em 2011 parte de um prédio residencial entrou em colapso. No mês de abril de 2020 houve na cidade de Norilsk um vazamento de 20 mil toneladas de diesel que contaminou 12 km do rio Ambarnaya por causa do descongelamento do solo.
Um pouco mais da metade do solo russo, 55%, é composto por permafrost, predominantemente na Sibéria.
Em agosto de 2019, 4 milhões de hectares de florestas na Sibéria pegaram fogo, de acordo com o Greenpeace. Em 2020 a situação promete ser ainda mais intensa, pois os incêndios florestais começaram com um mês de antecedência em relação aos anos anteriores.
Efeito dominó
Esse é um problema global, já que funciona como uma sequência de dominós sendo derrubada em escala global. A Europa inteira e os EUA, por exemplo, sentem os efeitos dessa mudança de temperatura no Ártico, que interfere nas correntes de jato do planeta.
Como consequência, ondas fortes de calor ou de chuvas ficam estacionadas no mesmo ponto por vários dias, quando normalmente elas passariam rapidamente e não afetariam tanto uma região específica.
Cientistas concordam que esse pico de temperatura é um indicativo de mudança climática. “O ponto-chave é que o clima está mudando e as temperaturas globais estão aumentando. Nós vamos quebrar mais e mais recordes com o passar do tempo”, alerta Freja Vamborg, cientista sênior do Serviço de Mudança Climática Copérnico, da União Europeia.
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