O papa Francisco canonizou hoje (13), em Fátima (Portugal), os dois irmãos pastorinhos Jacinta e Francisco Marto, que, ao lado da prima Lúcia, presenciaram as aparições da Virgem Maria há 100 anos.
Em cerimônia que durou cerca de três horas, o papa ordenou que os nomes dos irmãos sejam inscritos no Livro dos Santos, formalizando, assim, a canonização dos dois pastores portugueses, os mais jovens santos não mártires da Igreja Católica. ”Assim o ordeno”, disse, em português, o pontífice.
O menino brasileiro que os beatos Francisco e Jacinta terão curado, Lucas, deu um abraço ao Papa Francisco, no momento do ofertório na missa da peregrinação internacional, já depois da canonização dos pastorinhos.
O papa foi demoradamente aplaudido por uma multidão de meio milhão de pessoas, vindas de 55 países e que desde quarta-feira (10) permaneciam no recinto do Santuário, a enorme praça onde estão as basílicas de Nossa Senhora do Rosário, a Santíssima Trindade e a Capela das Aparições, antiga Cova da Iria, onde teriam ocorrido as aparições.
A cerimônia começou às 10h (no horário local; 6h, no horário de Brasília), quando o papa deixou a Basílica de Nossa Senhora do Rosário, onde rezou nos túmulos dos dois novos santos.
Acompanhado de cardeais, bispos e padres, Francisco se dirigiu à grande tribuna, em frente à basílica, para celebrar a missa da canonização. Deteve-se poucos minutos diante do andor com a imagem da Virgem de Fátima, localizado na ponta direita da tribuna. De cabeça curvada, rezou e iniciou a celebração da missa, sempre em português.
A missa foi acompanhada pelo coro do Santuário de Fátima. Francisco não deixou de marcar posição perante as injustiças do mundo em relação aos mais desfavorecidos. Na homília, agradeceu aos presentes explicando por que não poderia ter deixado de participar dos festejos do centenário das aparições e de venerar a Virgem Maria.
”Sob seu manto, não se perdem; dos seus braços, virá a esperança e a paz que necessitam, e suplico para todos meus irmãos no batismo e em humanidade, de modo especial para os doentes, pessoas com deficiência, os presos e desempregados, os pobres e abandonados”, acrescentou, sob os aplausos dos fiéis.
Foram três horas, entre a missa, a canonização, a comunhão dos presentes, cantos e orações. O papa não se descuidou dos que sofrem. Após a missa, deslocou-se até a ala direita do altar, para uma benção especial aos 350 doentes vindos de todas as regiões de Portugal e de outros países, convidados para as comemorações.
Do lado esquerdo, estavam o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, o primeiro-ministro, Antonio Costa, além de políticos, embaixadores, empresários e personalidades. Quando a cerimônia terminou, o presidente da República foi ao encontro do papa para cumprimentá-lo.
No altar, 100 cardeais, de diversas partes do mundo, e centenas de bispos e padres acompanharam a missa. Francisco trajava batina branca, tradição iniciada pelo papa Inocêncio V em 1276, que era dominicano e adotou essa cor de veste. O papa Francisco pouco sentou-se, ficou de pé a maior parte do tempo.
A cerimônia teve vários momentos de emoção, sobretudo na comunhão, oferecida aos presentes por 2 mil padres.
Além de policiais, centenas de escoteiros cuidavam da organização. Eles são 74 mil em Portugal, atividade explicada pelo chefe do grupo como indispensável à formação da juventude. É uma tradição portuguesa.
Após o término da cerimônia, o andor com a imagem Virgem de Fátima foi levado de volta à Basílica da Santíssima Trindade por dez jovens cadetes do Exército, cruzando os milhares de fiéis que não se cansavam de acenar e de aplaudir.
O gesto foi repetido por um sorridente papa Francisco, que aguardou silenciosamente, sentado, até o momento em que desceu no altar para a Cerimônia do Adeus.
Já no papamóvel, Francisco foi cercado pela multidão. Risonho, ele acenava para os fiéis, que seguravam lenços e bandeiras. No trajeto, um policial lhe entregou um bebê, a quem o papa acariciou ternamente. Poucas horas depois, o pontífice embarcou em um avião da TAP de volta ao Vaticano, acompanhado por um grupo de 72 jornalistas.
// Agência Brasil / ZAP