Pessoas altas têm um risco maior de desenvolver câncer porque têm mais células para que a doença se espalhe, informa um estudo internacional recente.
O estudo, publicado na quarta-feira passada nos Proceedings of Royal Society B, sugere que o risco de desenvolver diferentes tipos de câncer é mais provável em pessoas altas. Por quê? A resposta é simples: pessoas altas têm mais células e, portanto, maior probabilidade de essas células se tornarem cancerígenas.
A pesquisa, que aponta para as mesmas conclusões de estudos anteriores, indica que, para um aumento de 10 centímetros acima da média da altura usada como referência (1,70m para homens e 1,60m para mulheres), há um risco 10% maior de a pessoa em questão desenvolver câncer.
Os dados foram recolhidos através de quatro estudos de grande escala. cada estudo tinha, pelo menos, 10 mil casos de câncer para cada sexo, tendo sido analisados 18 tipos de câncer distintos.
Entre os 18 tipos de câncer analisados, quatro – no pâncreas, no esófago, no estômago e na boca/faringe – não mostraram nenhum tipo de aumento com a altura. Já no que diz respeito aos tumores específicos de cada sexo, apenas um – o câncer do colo do útero – mostrou não ter qualquer relação com a altura das pacientes.
No fundo, esclarecem os cientistas, as pessoas de maior estatura têm um maior risco de desenvolver melanoma porque têm uma proporção maior de células e mais pele do que pessoas de estatura média.
Leonard Nunney, da University of California Riverside e principal autor do estudo, disse à AFP que “isso significa que o risco extra que essas pessoas têm não pode ser reduzido”.
Apesar de a altura ser determinada pelos genes, Nunney adianta, porém, que o ambiente durante a infância também tem um efeito e, assim, um impacto associado ao risco de câncer.
“O ambiente e os fatores genéticos atuam durante a infância e ambos têm um forte efeito sobre a altura adulta. Não há razão para acreditar que seus efeitos sobre o risco de câncer sejam diferentes, já que o vetor é o número de células”, esclareceu.
A obesidade é também apontada como um fator que aumenta o risco individual de câncer, mas entre a obesidade e a altura há uma diferença. A obesidade aumenta o tamanho das células, mas não cria muitas mais.
“Portanto, a causalidade de um aumento no risco de câncer relacionado à obesidade é diferente daquela do efeito da altura”, acrescenta o pesquisador.
Ainda assim, o cientista argumenta que as pessoas altas não devem ficar alarmadas porque a altura não é o único, nem sequer o principal fator para o desenvolvimento da doença. “O efeito é estatístico e relativamente pequeno para a maioria das pessoas.”