Alguns dos sete exoplanetas que orbitam a estrela anã vermelha TRAPPIST-1 podem, potencialmente, ter mais água que a Terra, indicou o Observatório Europeu do Sul.
O sistema planetário é o que tem o maior número de planetas do tamanho da Terra, sendo constituídos, de acordo com as conclusões de um novo estudo, principalmente por rocha.
Segundo um comunicado do OES, as densidades dos planetas, calculadas com maior precisão através de um modelo computacional, sugerem que “alguns destes corpos podem ter até 5% da sua massa sob a forma de água“, isto é, quase 250 vezes mais água do que os oceanos da Terra.
Por comparação, salienta o OES, o “planeta azul” tem apenas cerca de 0,02% de água relativamente à sua massa. A água é um elemento fundamental para a vida como se conhece.
“Embora nos deem importantes pistas sobre a composição dos planetas, as densidades não nos dizem nada sobre a sua habitabilidade. Apesar disso, nosso estudo constitui um importante passo para determinarmos se estes planetas poderiam suportar vida”, defendeu, citado pelo OES, um dos coautores do estudo, Brice-Olivier Demory, da Universidade de Berna, na Suíça.
Dos sete planetas, o quarto a contar da estrela é o mais parecido com a Terra em termos de tamanho, densidade e radiação recebida e tem “potencial para ter água líquida na superfície”. De todos, é o mais rochoso, o que, para a equipe internacional de astrônomos que conduziu o estudo, continua um mistério.
O Observatório Europeu do Sul, do qual dois telescópios, o TRAPPIST-South e o Telescópio Muito Grande (VLT, Very Large Telescope), permitiram detectar o sistema planetário, assinala que os cientistas “ficaram surpresos” pelo quarto planeta ser o único “ligeiramente mais denso do que a Terra“, indicando que “possa ter um núcleo de ferro mais denso” e não necessariamente uma atmosfera espessa, um oceano ou uma camada de gelo.
De acordo com a pesquisa, que descreve a natureza do sistema planetário TRAPPIST-1 e que será publicada na revista Astronomy & Astrophysics, os planetas mais próximos da estrela e, por isso, mais quentes, teriam atmosferas densas de vapor.
Em contrapartida, os mais distantes da estrela, que é extremamente fria quando comparada com outras estrelas, teriam superfícies de gelo.
Os dois planetas mais interiores, ou seja, mais próximos da estrela-mãe, teriam núcleos rochosos e estariam rodeados por “atmosferas muito mais espessas do que a da Terra”. O terceiro planeta é o mais leve de todos, com cerca de 30% da massa da Terra.
Para o novo estudo, contribuíram observações feitas através de telescópios terrestres, incluindo o “caçador” de exoplanetas SPECULOOS, do OES, e telescópios espaciais, como o Spitzer e o Kepler, operados pela agência espacial norte-americana (NASA).
A TRAPPIST-1 é uma estrela menor que o Sol e está situada a 40 anos-luz de distância da Terra. A descoberta dos sete planetas, com os intermediários em condições mais favoráveis de ter água líquida na superfície, segundo um estudo anterior, foi anunciada no dia 22 de fevereiro de 2017.
Meses antes, em agosto de 2016, outra equipe de astrônomos anunciou a descoberta de um exoplaneta orbitando a estrela mais próxima do Sol, a Próxima Centauro, também uma anã vermelha e relativamente fria, mas localizada mais perto da Terra, a 4,22 anos-luz.
O planeta, o Próxima b, o mais perto da Terra, tem uma temperatura adequada para água líquida na superfície, pelo menos nas regiões mais quentes. Contudo, tem uma massa 1,3 vezes maior do que o nosso planeta.
Ciberia, Lusa // ZAP