A Polícia Federal prendeu hoje (18) Frederico Pacheco de Medeiros, primo do senador suspenso Aécio Neves (PSDB-MG), que foi afastado do mandato a pedido ministro relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin.
O mandado de prisão de Medeiros foi emitido após o jornal O Globo noticiar ontem (17) que gravações em posse da Justiça revelam o parlamentar pedindo uma propina de R$2 milhões a Joesley Batista, dono do frigorífico JBS.
Aécio teria indicado seu primo para receber o montante. Segundo o jornal, as gravações fazem parte da delação premiada da JBS, homologada hoje por Fachin. A delação foi mantida em sigilo.
Frederico foi encontrado em um condomínio na região metropolitana de Belo Horizonte. Mais cedo, também foi presa Andrea Neves, irmã de Aécio Neves. Foi cumprido ainda um mandado de prisão contra Mendherson Souza Lima, assessor do senador Zezé Perrella (PMDB-MG).
Segundo o jornal O Globo, investigações mostraram que os recursos pedidos por Aécio Neves ao dono do frigorífico foram depositados na conta de uma empresa de Perrella.
Todos os mandados são de prisão preventiva e foram assinados por Edson Fachin, ministro do Superior Tribunal Federal (STF) relator dos processos relacionados com a Operação Lava Jato. Também foi determinado o afastamento de Aécio Neves de suas funções parlamentares.
Foram realizadas ainda buscas no estado de Minas Gerais e Rio de Janeiro e em Brasília, em endereços ligados aos dois senadores e à Andrea Neves. A PF não informa os locais exatos, nem a quantidade da mandados cumpridos.
Entre os alvos estão os gabinetes dos parlamentares na capital federal, um imóvel de Andrea Neves no Rio de Janeiro e uma fazenda de Aécio Neves em Cláudio (MG).
Gravações
Investigado na Operação Lava Jato, Joesley Batista negociava um acordo de delação premiada. O STF confirmou a homologação do acordo. Ele teria entregado as gravações mencionadas pelo jornal O Globo, segundo o jornal. Em aúdios, Aécio Neves teria dito que os R$2 milhões seriam para pagar suas despesas com a defesa na Operação Lava-Jato.
Joesley também teria apresentado gravação na qual o presidente da República, Michel Temer, teria sugerido que se mantivesse pagamento de uma mesada ao ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha e ao doleiro Lúcio Funaro para que estes ficassem em silêncio.
A Presidência da República divulgou nota ontem (17) na qual diz que Temer “jamais solicitou pagamentos para obter o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha”, que está preso em Curitiba.
Outro lado
A defesa do senador Aécio Neves confirmou hoje (18) o pedido de empréstimo de R$ 2 milhões para custear gastos com advogados nas investigações da Operação Lava Jato, mas que foi um pedido a “um amigo que pode ajudar”, sem relação com o cargo que ocupa.
Os advogados afirmam que vão buscar ainda nesta quinta-feira (18) no STF cópia do processo que resultou no seu afastamento do cargo para formular um requerimento de reconsideração da decisão do afastamento ao ministro Edson Fachin.
Em nota ontem (17), a assessoria de Aécio Neves disse que o senador “está absolutamente tranquilo quanto à correção de todos os seus atos“.
“No que se refere à relação com o senhor Joesley Batista, ela era estritamente pessoal, sem qualquer envolvimento com o setor público. O senador aguarda ter acesso ao conjunto das informações para prestar todos os esclarecimentos necessários”, completa a nota.
O senador Zezé Perrella publicou uma mensagem em seu Twitter por volta das 22h50 de ontem (17) em que diz que nunca conversou com Joesley Batista, não conhece ninguém do grupo Friboi (uma das marcas da JBS) e que nunca recebeu doação “oficial ou extraoficial” da empresa.
“O sigilo das minhas empresas citadas, dos meus filhos está absolutamente à disposição da Justiça, onde ficará comprovado que eu não tenho nada a ver com essa história”, acrescentou.