Haddad, Ciro, Boulos e outras lideranças endossam documento crítico à atuação do presidente diante da pandemia de coronavírus. Texto diz que Bolsonaro é um líder irresponsável e agrava a crise com mentiras e crimes.
Políticos da oposição lançaram um manifesto nesta segunda-feira (30/03) para pedir a renúncia do presidente Jair Bolsonaro, acusando-o de ser um líder “irresponsável” e de “cometer crimes, fraudar informações, mentir e incentivar o caos” em meio à pandemia de coronavírus.
O documento é endossado, em consenso raro, pelos ex-presidenciáveis Fernando Haddad (PT), Ciro Gomes (PDT) e Guilherme Boulos (Psol), adversários de Bolsonaro nas eleições de 2018. “Progressistas unidos pelo Brasil. Chega de insanidade”, escreveu Haddad no Twitter sobre o manifesto.
O texto começa lembrando que o mundo enfrenta uma “emergência sem precedentes na história moderna”, com consequências graves para a vida humana, a saúde pública e a atividade econômica, e afirma que, no Brasil, a emergência “é agravada por um presidente da República irresponsável”.
“Bolsonaro é o maior obstáculo à tomada de decisões urgentes para reduzir a evolução do contágio, salvar vidas e garantir a renda das famílias, o emprego e as empresas. Atenta contra a saúde pública, desconsiderando determinações técnicas e as experiências de outros países”, diz a carta, apontando que é hora de “mobilizar todos os recursos públicos necessários para salvar vidas”.
“Bolsonaro não tem condições de seguir governando o Brasil e de enfrentar essa crise, que compromete a saúde e a economia. Comete crimes, frauda informações, mente e incentiva o caos, aproveitando-se do desespero da população mais vulnerável”, denunciam os políticos.
Segundo eles, o país precisa agora de união e entendimento para enfrentar a pandemia, e não de “um presidente que contraria as autoridades de saúde pública e submete a vida de todos aos seus interesses políticos autoritários”. “Basta! Bolsonaro é mais que um problema político, tornou-se um problema de saúde pública.”
“Falta a Bolsonaro grandeza. Deveria renunciar, que seria o gesto menos custoso para permitir uma saída democrática ao país. Ele precisa ser urgentemente contido e responder pelos crimes que está cometendo contra nosso povo”, completa o manifesto.
Também assinam o documento a ex-deputada Manuela D’Ávila (PCdoB), vice de Haddad nas eleições de 2018, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB) e os ex-governadores Roberto Requião (MDB-PR) e Tarso Genro (PT-RS).
O texto ainda é endossado por presidentes de diversos partidos da oposição, incluindo Gleisi Hoffmann (PT), Carlos Siqueira (PSB), Carlos Lupi (PDT), Edmilson Costa (PCB), Juliano Medeiros (Psol) e Luciana Santos (PCdoB).
O manifesto, divulgado primeiramente pelo jornal Folha de S. Paulo, também sugere ações a serem implantadas pelas forças políticas populares e democráticas no combate ao coronavírus.
Entre as medidas, estão manter as ações de redução do contato social, o que é rechaçado por Bolsonaro; criar leitos de UTI provisórios e importar testes; implementar renda básica permanente para desempregados e trabalhadores informais; suspender a cobrança das tarifas de serviços básicos para os mais pobres; e regulamentar os tributos sobre grandes fortunas, lucros e dividendos.
“Frente a um governo que aposta irresponsavelmente no caos social, econômico e político, é obrigação do Congresso Nacional legislar na emergência, para proteger o povo e o país da pandemia. É dever de governadores e prefeitos zelarem pela saúde pública, atuando de forma coordenada, como muitos têm feito de forma louvável”, afirmam os opositores na carta.
“É também obrigação do Ministério Público e do Judiciário deter prontamente as iniciativas criminosas de um Executivo que transgride as garantias constitucionais à vida humana. É dever de todos atuar com responsabilidade e patriotismo”, conclui o manifesto.
// DW