A bomba com que um suicida matou 22 pessoas e feriu dezenas na segunda-feira (22) em Manchester, Reino Unido, era um explosivo potente e sofisticado, segundo provas da polícia britânica reveladas e analisadas pelo jornal norte-americano The New York Times.
O New York Times publica em exclusivo oito fotografias recolhidas à saída da Manchester Arena, onde o terrorista suicida atacou as pessoas que saíam do show da cantora norte-americana Ariana Grande.
Embora não seja ainda conhecido o tipo ou quantidade de explosivo utilizado, a análise das imagens revela que “foi feito com perícia e reflexão”.
A bomba era “potente, com uma carga ultrarrápida, mas com peças de metal colocadas nos locais certos” para provocar os maiores danos possíveis.
Transportada em um saco ou mochila e não em um colete, a bomba era suficientemente potente para ter atirado metade do corpo do terrorista para longe do local da explosão e ter atingido pessoas em um raio alargado, onde estavam a maior parte das 22 pessoas que foram mortas e as mais de 50 que ficaram feridas.
Segundo especialistas ouvidos pelo jornal, a bomba tinha vários sistemas diferentes de detonação e uma bateria mais potente do que as que são normalmente usadas.
Reino Unido deixa de passar informação aos EUA
A publicação do New York Times foi a gota de água para a polícia de Manchester que, a partir de agora, deixará de compartilhar informação sobre o atentado com os EUA. As informações publicadas pelo jornal tiveram como fonte a Administração norte-americana.
O The Guardian cita hoje uma “fonte do governo de Londres” dizendo que “as imagens procedentes do sistema norte-americano são claramente perturbadoras para as vítimas, para os familiares e para os cidadãos”.
“Já foram enviadas queixas aos nossos parceiros dos EUA“, indica a mesma fonte que considerou “inaceitável” o comportamento por parte de Washington.
De acordo com a imprensa britânica, a primeira-ministra Theresa May, que participa hoje de um encontro da Aliança Atlântica, em Bruxelas, pretende questionar Donald Trump sobre as fugas de informação.
Ontem, a ministra do Interior britânica, Amber Rudd, já tinha anunciado o envio de uma queixa ao Executivo norte-americano pela difusão de informações sobre o autor do atentado antes de as autoridades britânicas terem comunicado oficialmente os dados.
A polícia antiterrorista britânica também lamentou a “divulgação não autorizada” de informações.
“Nós valorizamos em grande medida as relações que mantemos com nossos parceiros dos serviços de informações e com as forças de segurança, a nível mundial, com quem compartilhamos informações sensíveis. Mas, quando a confiança é quebrada, as relações ficam comprometidas“, disse um porta-voz do organismo.
Polícia faz oitava detenção
A polícia de Manchester anunciou a prisão de novos suspeitos no âmbito da investigação ao atentado suicida que matou 22 pessoas esta segunda-feira. Dois homens foram detidos hoje de manhã na região de Manchester.
Cinco homens e uma mulher já tinham sido detidos no Reino Unido no âmbito desta investigação, além do pai e do segundo irmão do autor do ataque, na Líbia. Segundo as informações dadas pela polícia, a mulher foi detida durante buscas no bairro de Blacley, ao norte de Manchester, mas foi libertada sem acusação.
Esta quarta-feira (24) foi detido um homem em Wigan, na periferia de Manchester, e outras quatro outras pessoas foram detidas no Sul da cidade.
Há informações de que, entre as cinco pessoas, está o irmão mais novo do terrorista Salman Abedi.
Fontes policiais disseram à revista Focus que o autor do ataque esteve na Alemanha pelo menos duas vezes nos últimos dois anos. A polícia investiga uma eventual rede internacional no âmbito do inquérito sobre o atentado.
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