O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, disse nesta quinta-feira (16) que a Polícia Civil e o Ministério Público do Rio de Janeiro recusaram novamente apoio da Polícia Federal para investigação da execução da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, que completou 150 dias essa semana.
A federalização do caso chegou a ser cogitada na época do crime, mas foi rejeitada pelos investigadores estaduais. Na última segunda-feira (13), ao participar de um evento no Rio, o ministro disse que havia novamente colocado à PF à disposição para ajudar no esclarecimento do crime
“A resposta que eu obtive foi que não era necessário, que eles davam conta. Apesar de oferecer a Polícia Federal, que é uma das melhores polícias do mundo, de investigação, houve um entendimento do Rio de Janeiro de que não era necessário, então nós estamos fora do caso Marielle“, afirmou Raul Jungmann nesta quinta, após participar da 70ª Reunião do Colégio Nacional de Secretários de Segurança Pública (Consesp), em Salvador.
Na semana passada, Jungmann já havia dito que há “agentes públicos” e também “políticos” envolvidos na morte da vereadora, e que o crime pode ter sido motivado por disputas políticas e negociações para indicações a cargos públicos. Ele não citou nomes nem entrou em detalhes.
A Anistia Internacional no Rio de Janeiro protocolou, na última terça-feira (14), um documento em que cobra das autoridades respostas para o caso, além de exigir uma investigação independente sobre o crime.
MP do Rio aceita ajuda
O procurador-geral de Justiça do Rio de Janeiro, Eduardo Gussen, enviou um ofício ao ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, dizendo ser favorável à participação da Polícia Federal nas investigações do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista, Anderson Gomes, desde que o pedido seja feito pelo interventor federal no estado do Rio de Janeiro, general Braga Netto.
O documento ressalta que a medida não deve ser confundida com o deslocamento de competência para a Justiça Federal. “Caso o interventor e seu gabinete avaliem que a PF deve atuar no caso, quer contribuindo com as investigações, quer assumindo-as, basta que seja formulada a devida requisição”, diz o ofício.
O procurador-geral de Justiça volta a destacar “o estimado valor da colaboração da Polícia Federal para a elucidação do caso, uma vez que o órgão está legalmente autorizado a atuar em episódios dessa natureza”.
O documento foi divulgado na noite desta quinta-feira (16) pelo Ministério Público do Rio de Janeiro. Horas depois de Jungmann ter dito, em um evento em Salvador, que tanto o Ministério Público quanto a Polícia Civil do Rio haviam recusado o apoio da Polícia Federal nas investigações do duplo assassinato, que esta semana completou 150 dias.
Recursos da loteria
Na reunião desta quinta com secretários estaduais de segurança pública, Raul Jungmann anunciou que os estados e o Distrito Federal vão participar da definição de critérios para destinação dos novos recursos para prevenção e combate ao crime e à violência, oriundos da arrecadação das loterias federais.
“Pela primeira vez na história, o Brasil tem recursos ‘carimbados’ e previsíveis para financiamento das polícias através do SUSP [Sistema Único de Segurança Pública]. Então vamos nomear até setembro o novo Conselho Nacional de Segurança Pública (Conasp), que irá definir critérios para repartição do Fundo Nacional e a participação do conselho de secretários de segurança pública nesse processo é fundamental. Não podemos combater o crime organizado sem essa integração”, disse o ministro.
Jungmann lembrou que, na semana passada, o governo federal abriu uma licitação de R$ 1 bilhão para a compra de 8 mil veículos, o que significa, segundo ele, a renovação de 23% de toda a frota das polícias do país.
Outros R$ 220 milhões serão utilizados para a compra de coletes à prova de bala. Também estão previstas, segundo o ministério, licitação para a aquisição de drones, armas e motocicletas, que serão destinados às forças de segurança federais e estaduais.
Ciberia // Agência Brasil