As balas que mataram a vereadora e ativista dos direitos humanos do Rio de Janeiro, na quarta-feira (14), foram compradas pela Polícia Federal (PF), informou a TV Globo na sexta-feira (16).
Segundo uma reportagem exibida pelo RJTV, a perícia identificou a origem das munições com base nas cápsulas encontradas na cena do crime, que pertencem a um lote comprado, em dezembro de 2006, de uma empresa privada pela Polícia Federal de Brasília.
A reportagem frisou que a perícia não viu sinais de modificação nas munições e que irá iniciar um trabalho de rastreamento do lote. A Polícia Federal de Brasília e a Polícia Civil do Rio de Janeiro já emitiram um comunicado conjunto no qual afirmam que vão investigar a origem das munições.
Carro encontrado em MG
A Polícia Civil de Minas Gerais informou ter localizado na cidade de Ubá, região da Zona da Mata, um carro suspeito de ter sido usado nos assassinatos de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.
O veículo tem características semelhantes – como cor e modelo – ao que foi usado no crime. Policiais do Rio de Janeiro foram informados da apreensão e uma equipe foi deslocada para o município mineiro neste domingo (18).
De acordo com a polícia de Minas, o veículo ainda será periciado e não é possível confirmar se realmente foi usado no crime.
Assassinato
Marielle Franco foi assassinada com quatro tiros de pistola, de calibre 9 milímetros, na cabeça, quando o carro em que seguia foi alvejado. O motorista, Anderson Gomes, também faleceu e a assessora que seguia no veículo, Fernanda Chaves, sofreu apenas ferimentos leves provocados pelos estilhaços.
As autoridades policiais ainda investigam o crime, mas já declararam que há sinais de que possa ter sido uma execução porque as vítimas foram seguidas e alvejadas sem que nenhum pertence delas tenha sido roubado.
O assassinato da vereadora do partido de esquerda Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) gerou grande comoção no Brasil e também no exterior. No Rio de Janeiro, centenas de pessoas acompanharam o velório e enterro de Marielle na quinta-feira (15).
A cidade também foi palco de grandes manifestações que reuniram milhares de pessoas. Houve também protestos em São Paulo, Brasília, Belo Horizonte, Salvador e em outras capitais do país.
O caso também gerou comentários de repudio de membros do governo brasileiro, com o presidente Michel Temer dizendo que se tratou de um “ato de extrema covardia” e um verdadeiro atentado ao Estado de Direito e à Democracia brasileira.
A ONU e organizações ligadas à defesa dos direitos humanos, como a Amnistia Internacional e a Human Rights Watch, também condenaram o assassinato.
Marielle Franco, reconhecida defensora dos direitos humanos, especialmente das mulheres negras, foi a quinta vereadora mais votada no Rio de Janeiro nas eleições municipais de 2016, com mais de 40 mil votos.
Depois de o governo ter decretado uma intervenção na área de segurança pública do Rio de Janeiro, no dia 16 de fevereiro, a vereadora dirigiu várias críticas às abordagens da polícia nas favelas.
Socióloga de 38 anos, batizada de “filha da Maré” por ser originária da favela na zona norte do Rio com o mesmo nome, uma das áreas mais violentas da cidade, era a relatora da comissão da Câmara de Vereadores criada para fiscalizar a intervenção militar.
Ciberia // ZAP