Fotógrafos da Reuters flagraram vários eleitores russos votando mais de uma vez nas eleições presidenciais de domingo (19).
Segundo a agência Reuters, que tinha fotógrafos em várias zonas de voto russas, a propósito das eleições presidenciais que elegeram, no domingo passado, Vladimir Putin para um quarto mandato, houve eleitores que votaram mais de uma vez.
No total, foram flagradas 17 pessoas votando em mais de uma zona de voto em Ust-Dzheguta, no sul da Rússia. De acordo com a agência, citada pelo Diário de Notícias, quando confrontados com a situação, vários deles afirmaram não serem eles nas fotos ou se recusaram fazer comentários.
Um desses casos foi Ludmila Sklyarevskaya, administradora de um hospital russo que votou, pelo menos duas vezes, nas eleições, segundo o jornalista da Reuters que seguiu seus movimentos.
A russa negou as acusações e ao serem mostradas as imagens a um membro da comissão eleitoral numa das seções, Leila Koichuyeva, ela argumentou que “podiam ser gêmeas”.
Segundo a agência, citada pelo DN, muitos dos que supostamente votaram mais de uma vez pareciam se deslocar em grupos, algumas vezes em micro-ônibus com nomes de serviços estatais.
Confrontado com a questão, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirma que há procedimentos estabelecidos para relatar violações eleitorais.
“Se esses relatos da respeitada agência Reuters forem confirmados por declarações às autoridades dos observadores que estavam em cada seção de voto, então é preocupante. Se não forem confirmados, não nos preocupa”, cita o jornal.
Durante a polêmica, a oposição russa e a organização não-governamental Golos, especializada na vigilância das eleições, denunciaram milhares de irregularidades.
Alexei Navalny, o opositor “número um” do Kremlin e o grande ausente destas eleições devido a uma antiga condenação judicial, divulgou centenas de casos de fraude.
No Twitter, o opositor falou de uma urna cheia de votos falsos em uma assembleia de voto no extremo oriente do país e contou que alguns observadores do seu movimento denunciaram impedimentos ao seu trabalho.
Assim como parece ter sido provado pela Reuters, outros militantes da oposição também referiram, na horas de eleição, que alguns eleitores foram levados de ônibus pela polícia até zonas de voto e outros receberam cupons de desconto por terem ido votar.
Sem grandes surpresas, Putin, de 65 anos, assume o quarto mandato presidencial depois da sua primeira eleição em 2000. Nos primeiros dois mandatos, o presidente russo cumpriu quatro anos, em cada um, à frente do Kremlin, tendo a duração dos mandatos sido ampliada para seis anos a partir de 2012.
As eleições ocorremno momento em que a Rússia é alvo de sanções britânicas, em reação ao envenenamento do ex-agente duplo russo Serguei Skripal, em um caso que parece ter confirmado o regresso de uma nova Guerra Fria.
O conflito sírio, a acusação de interferência nas eleições presidenciais norte-americanas que deram a vitória a Donald Trump e a crise ucraniana, com a anexação da Crimeia depois do referendo de 2014, são cenários que têm justificado um crescente clima de tensão.
Ciberia // ZAP