Em entrevista à NBC News, Vladimir Putin garantiu que o Estado russo não interferiu nas eleições presidenciais norte-americanas de 2016. “Talvez sejam ucranianos, tártaros, judeus. Só que com nacionalidade russa”, disse.
Depois da declaração, Vladimir Putin está sendo alvo de críticas por parte de organizações de defesa dos direitos humanos e por políticos norte-americanos de “dar vida a estereótipos antissemitas”.
“Determinados indivíduos podem ter usado determinadas ferramentas em outros países. Podem ter enviado informação relevante a partir da França, da Alemanha, da Ásia, da Rússia. O que isso tem que ver conosco?“, referiu Putin durante a entrevista no Kremlin, à jornalista Megyn Kelly.
Segundo o Público, a jornalista da CBS pressionou o presidente a garantir que não houve interferência russa e Vladimir Putin acabou mostrando alguma pressão devido às perguntas relacionadas com as eleições presidenciais de 2016. “E se forem russos? Não são responsáveis do governo. Há 146 milhões de russos. E então?“, questionou.
Pouco depois, a jornalista questionou Putin sobre se vê algum problema em que 13 cidadãos russos tenham interferido nas eleições, pergunta à qual o presidente russo respondeu que não estava minimamente interessado “porque não representa os interesses do Estado”.
“Talvez nem são russos. Talvez sejam ucranianos, tártaros, judeus. Só que com nacionalidade russa”, disse Putin, dando a entender que os judeus com nacionalidade russa não são cidadãos russos por inteiro.
A Liga Anti-Difamação (ADL), organização norte-americana de combate ao racismo e antissemitismo, acusou o presidente russo de “dar nova vida a clássicos estereótipos antissemitas que infectaram o país ao longo de séculos com um comentário que parece ter sido tirado das páginas dos Protocolos de Sião”.
O líder da ADL, Jonathan A. Greenblatt, disse ainda que as palavras de Vladimir Putin têm consequências profundas e que espera que o presidente as “clarifique rapidamente antes que causem mais danos às comunidades que apontou”.
Também o senador norte-americano Richard Blumenthal reagiu no Twitter, dizendo que as declarações de Putin devem ser denunciadas pelos líderes mundiais. “Por que Trump está em silêncio? A intolerância é intolerável”, afirmou.
Segundo o mesmo jornal, o congressista Don Beyer exigiu à Administração Trump que aplique o reforço das sanções norte-americanas à Rússia, aprovado pelo Congresso em 2017. “Este homem não é nosso amigo, e a Administração Trump tem que aplicar as sanções aprovadas pelo Congresso”, disse Beyer.
Ciberia // ZAP