Um ensaio clínico conduzido por um grupo de pesquisadores da Universidade de Duke, nos EUA, revelou que a infusão autóloga – transplante no próprio indivíduo – de sangue do cordão umbilical pode aliviar os sintomas associados ao Transtorno do Espectro Autista, provavelmente através da regulação de processos inflamatórios ao nível cerebral.
O estudo de fase 1, publicado na revista científica Stem Cells Translational Medicine, incluiu 25 crianças, com idades entre os dois e os seis anos, com diagnóstico confirmado de autismo e que tinham criopreservado o cordão umbilical em um banco de células-tronco.
As crianças foram sujeitas a avaliações comportamentais e funcionais, imediatamente antes da infusão autóloga do cordão umbilical e aos seis e 12 meses depois do procedimento.
Durante os 12 meses, confirmou-se que o tratamento era seguro e bem tolerado, tendo sido observadas melhorias significativas ao nível da comunicação, comportamento social e sintomas do autismo, nas classificações clínicas da severidade dos sintomas e no grau de melhoria, nas medidas padronizadas de vocabulário expressivo e nas medidas objetivas da atenção das crianças a estímulos sociais.
As evoluções comportamentais observadas nos primeiros seis meses, após a infusão, mantiveram-se aos 12 meses, sendo mais significativas nas crianças que inicialmente tinham maior QI não verbal.
“Atualmente os tratamentos farmacológicos disponíveis para os transtornos relacionados com o autismo se dirigem apenas aos sintomas associados, como a irritabilidade, não atuando sobre os sintomas principais. Assim, há uma grande necessidade de tratamentos mais eficazes para estas patologias”, defende Carla Cardoso, pesquisadora na área das células estaminais.
“O ensaio clínico sugere uma nova abordagem terapêutica para o tratamento dos Transtornos do Espectro Autista, ao mostrar que a infusão autóloga do cordão umbilical está associada a melhorais comportamentais significativas em crianças autistas, contribuindo para uma melhoria funcional global nestes casos pediátricos”, continua.
O autismo é uma patologia neuropsiquiátrica que apresenta uma grande variedade de manifestações clínicas e resulta de disfunções multifatoriais do desenvolvimento do sistema nervoso central, afetando o desenvolvimento da criança.
Os sintomas se manifestam nos primeiros três anos de vida e incluem os domínios social, comportamental e comunicacional.
A incidência de autismo tem aumentado em todo o mundo, atingindo atualmente cerca de 60 em cada 10 mil crianças, com maior prevalência no sexo masculino.
// ZAP