“Alô, mãe?” Quando Gabriel Jesus marca um gol, ele não cai de joelhos no gramado e levanta os braços para o céu, como faz a maioria dos jogadores. O atacante da Seleção Brasileira coloca a mão na orelha e faz de conta que está fazendo uma ligação.
Essa é a forma que o atleta encontrou para homenagear a mulher que o criou sozinha, destaca a revista M, do jornal Le Monde, esta semana. A situação de Gabriel Jesus não é a única: o semanário francês lembra que 7 dos 11 titulares da equipe brasileira foram criados sem a ajuda dos pais biológicos.
“Onde estão os pais dos jogadores da Seleção?”, pergunta a correspondente no Brasil do Le Monde , Claire Gatinois. A repórter ressalta que, com exceção do pai de Neymar, que também gerencia a carreira do filho, boa parte dos atletas do Brasil foram criados apenas pelas mães.
O diário presta homenagem às heroínas graças a quem os craques brilham em uma das equipes de futebol mais importantes do mundo, publicando o nome delas: Vera Lúcia de Jesus, mãe de Gabriel Jesus, Rosângela Fredda, mãe de Taison, Magda Casemiro, mãe de Casemiro, Delane Alves, mãe de Marcelo Vieira da Silva, Maria Miranda, mãe de Miranda, Erica Nascimento, mãe de Paulinho e Maria de Lourdes Ramos, mãe de Cássio Ramos.
A matéria também sublinha a forte relação dos craques com suas progenitoras. A repórter explica, por exemplo, que as simulações de telefonemas de Gabriel Jesus em campo acontecem em memória à adolescência do jogador, quando passava dias longe de casa devido aos treinamento intensivos, e aliviava a saudade ligando para Vera Lúcia.
Mais reservado, o meia Casemiro, não faz demonstrações públicas de amor à mãe nos gramados. Mas todas as suas alegrias e decepções são sempre compartilhadas com Magda, “uma ex-faxineira que preparava de madrugada as refeições que o jogador, quando pequeno, e seus irmãos comiam sozinhos, ao voltarem da escola“.
A ausência dos pais na vida dos atletas da Seleção Brasileira é um fato que vem chamando a atenção da mídia, afirma a revista do Le Monde. A jornalista lembra que o assunto também foi matéria da versão brasileira do espanhol El País.
No dia 21 de junho, El País publicou que “mães como a de Gabriel Jesus tiveram de se desdobrar sozinhas para criar os filhos atletas”, “uma realidade comum no país do futebol”, publica o diário.
El País ressalta que, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, 40% dos lares brasileiros são chefiados por mulheres. Em 12 milhões de famílias brasileiras, as mães não têm cônjuges para dividir a criação dos filhos.