O semanário satírico “Le Canard Enchaîné” anunciou nesta quarta-feira que recebeu ameaças de morte após revelar no fim de janeiro os supostos empregos fictícios da mulher do candidato da direita às eleições presidenciais, François Fillon.
O jornal francês Le Canard Enchaîné, que originou a investigação que afeta a campanha do ex-primeiro-ministro, estampou na capa da edição desta quarta-feira que a cada semana no último mês “chegaram à redação novos e-mails e cartas” com insultos e ameaças.
De acordo com o texto, as mensagens dizem ser “uma última advertência” porque “não haverá sobreviventes”, que o jornal está com “dias contados” e que “cuspirão sobre seu túmulo”.
O semanário disse também ter recebido mensagens nas quais seus funcionários foram tachados como “socialistas filhos da p…“, “pagos” para destruir o candidato da direita.
Além disso, o jornal disse que foram feitas “amáveis referências” ao ocorrido na revista satírica “Charlie Hebdo”, que em janeiro de 2015 foi alvo de um atentado jihadista pelo qual morreram 12 pessoas.
“Le Canard Enchaîné” revelou no dia 25 de janeiro que Penelope Fillon teve durante oito anos um emprego fictício como assistente parlamentar do marido e de seu substituto, e como conselheira literária em 2012 e 2013 na revista “La Revue dês Deux Limpes” propriedade de Marc Ladreit de Lacharrière, amigo de seu marido.
O semanário acrescentou que a remuneração total chegou a 900 mil euros e que Fillon também contratou como colaboradores dois de seus cinco filhos, para trabalhos que estão sendo investigados.
Fillon anunciou nesta quarta-feira que foi convocado pelo juiz de instrução a 15 de março para ser acusado, mas esclareceu que mantém a candidatura à presidência da França, cujo primeiro turno das eleições será realizado no dia 23 de abril.
A notícia acarretou as primeiras deserções em sua campanha, com a renúncia do responsável por Relações Internacionais, o ex-ministro Bruno Le Maire, e a suspensão da participação do partido centrista União Democrata Independente (UDI).
// EFE