Os cientistas defendem que a reprodução humana em Marte “será necessária para a subsistência desta comunidade a longo prazo”. No entanto, a tentativa de praticar sexo na superfície marciana pode implicar vários problemas sérios. E até mesmo originar uma nova espécia humana.
De todos os desafios que a colonização em Marte pode trazer aos humanos, a reprodução poder ser o maior de todos. No entanto, se a humanidade conseguir superá-lo, um grupo de cientistas afirma que isso pode levar à criação de “um novo tipo de espécie”.
Em um artigo científico, publicado recentemente na Futures, um grupo internacional de cientistas descreve alguns dos principais problemas associados à reprodução no Planeta Vermelho, como o risco de exposição crônica à radiação, que tem um efeito prejudicial nos adultos, especialmente nas células reprodutivas e no desenvolvimento de embriões e fetos.
Outro desafio apontado pelos cientistas é a gravidade reduzida, cujo impacto na produção de células reprodutivas, a taxa de sucesso de fertilização ou o desenvolvimento embrionário é ainda desconhecida.
A gravidade em Marte é até 62% menor do que a terrestre.
Em ambiente de baixa gravidade, soma-se a pressão atmosférica quase 93% menor do que a da Terra, assim como a temperatura média de cerca de 63 graus negativos.
Todas estas condições aumentam o risco de aborto espontâneo. A imunossupressão que frequentemente afeta os astronautas é outro grande desafio que faz com que qualquer gravidez em Marte acarrete alto risco para a vida da mãe.
Além disso, o conceito de reprodução numa colônia em Marte implica uma série de desafios morais e éticos, relacionados com o valor da vida humana, que não podem ter totalmente avaliados antes do início da missão.
Neste contexto, os cientistas sugerem recorrer à modificação genética nos humanos antes e durante a missão, para adaptar as pessoas ao ambiente marciano, de modo a facilitar a reprodução em Marte. Contudo, isso implica “superar desafios éticos”, frisam os cientistas.
Esse processo levaria a “um novo tipo de espécie humana, que possuirá uma nova natureza e, consequentemente, novos direitos e deveres morais em comparação com as pessoas que vivem na Terra”, afirmam os cientistas.
“A vida em Marte será diferente da vida na Terra, assim como a reprodução”, concluem os autores do artigo.