Os talibãs chamaram nesta segunda-feira (26) os Estados Unidos para dialogar diretamente através de seu escritório político em Doha e pediu a Washington que aceite as reivindicações do povo afegão, em mensagem incomum e após reiteradas negativas de qualquer conversa com o governo de Cabul e com seus aliados internacionais.
“O escritório político do Emirado Islâmico do Afeganistão (como se autodenominam os talibãs) chama os oficiais americanos a falar diretamente sobre uma solução pacífica para o conflito afegão”, afirmou o departamento catariano do partido insurgente em comunicado difundido em Cabul.
“Os Estados Unidos aceitarem as demandas legítimas dos afegãos e envia suas próprias preocupações e pedidos para a discussão através de um canal pacífico ajudará a encontrar uma solução”, disseram na nota.
A formação não detalhou quais são as demandas dos afegãos, mas o seu principal pedido até a data foi a retirada das tropas internacionais e o fim da invasão americana iniciada em 2001, que derrocou o regime talibã.
Os talibãs fizeram a proposta em um comunicado em resposta direta a algumas declarações da responsável do Departamento de Estado dos EUA para o Sul e Centro da Ásia, Alice G. Wells, nas quais assegurava que seu país tinha mantido a porta aberta ao diálogo com os insurgentes.
O grupo afirma que “a questão afegã não pode ser resolvida militarmente” e os Estados Unidos devem buscar uma estratégia de paz no local de guerra.
“As estratégias militares que repetidamente foram provadas no Afeganistão nos últimos 17 anos só intensificará e prolongará a guerra. E este não é de interesse de ninguém”, agrega no texto.
Há algumas semanas, o Governo afegão revelou que iniciou um processo de aproximação com facções talibãs na Turquia com vistas a iniciar um processo de paz, uma opção que de novo o principal grupo talibã, liderado por Haibatullah, rechaçou.
Os talibãs fizeram um contato inicial com o governo afegão no Paquistão em julho de 2015, mas o processo ficou suspenso poucos dias depois ao ser revelada a morte do fundador do movimento insurgente, o mulá Omar, dois anos antes.
Ciberia // EFE