O terrorista suicida, que matou 22 pessoas na segunda-feira em Manchester, teria dito que foi movido pelo tratamento injusto que recebeu, afirmou uma parente.
A familiar disse à Associated Press que Salman Abedi, o britânico de 22 anos de origem líbia, telefonou para ela a fim de explicar o motivo e pedir perdão pelo que ia fazer.
A mulher, que falou ao telefone com a agência a partir da Líbia, afirmou que um amigo muçulmano foi assassinado no ano passado e que Salman lhe disse que os “infiéis” no Reino Unido não se importaram.
“A raiva foi a principal razão” para o atentado, que fez ainda 64 feridos na saída de um show da cantora norte-americana Ariana Grande na Manchester Arena.
Ao telefone com sua parente, o terrorista teria pedido: “Me perdoa”.
Hashim, um dos irmãos de Salman que foi detido para interrogatório na Líbia, também confirmou que ele lhe telefonou a ele e à mãe, quinze minutos antes de cometer o ataque, para se despedir. O familiar é suspeito de ter ligações com grupo extremista.
As autoridades britânicas investigam as ligações entre Abedi e outros militantes islâmicos em Manchester, no resto da Europa e no norte da África e Oriente Médio.
Um membro da comunidade líbia de Manchester afirmou que o jovem foi banido da mesquita depois de ter interrompido e insultado um imã que fazia um discurso contra o Estado Islâmico, que reivindicou o atentado.
Segundo um irmão mais novo, Salman teria consultado a internet para aprender a fabricar um explosivo e tentar conseguir “uma vitória para o Estado Islâmico”.
Esta madrugada, a polícia de Manchester efetuou a detenção de mais um homem por suspeita de ligação ao atentado, ao mesmo tempo que continuam as buscas em várias direções como parte da investigação.
Uma fonte oficial confirmou que atualmente há oito homens sob custódia, que estão sendo interrogados depois de um homem e uma mulher terem sido liberados sem acusação.
Polícia britânica volta a passar informações aos EUA
A polícia britânica voltou a passar informações aos Estados Unidos, depois de uma suspensão esta quinta-feira causada pelo vazamento de informação sobre o atentado feita pela Administração norte-americana aos jornalistas.
O New York Times publicou em exclusivo oito fotografias recolhidas na saída da sala de espetáculos onde ocorreu o atentado, que teria sido a gota d’água para a polícia britânica. No entanto, a primeira-ministra Theresa May aproveitou o encontro da Aliança Atlântica, em Bruxelas, para questionar o presidente dos EUA.
De acordo com o seu porta-voz, May disse a Donald Trump que a troca de informação com os EUA é “extremamente importante e apreciada”, mas que deve permanecer confidencial.
“Pedi ao Departamento da Justiça e às outras agências responsáveis que lancem um inquérito completo” às fugas de informação e, “se for adequado, os culpados devem ser perseguidos com todo o rigor da lei“, afirmou Trump. “Não há relação que prezemos mais do que a relação especial entre os Estados Unidos e o Reino Unido”, acrescentou.
Teoria da conspiração
Nas redes sociais, surgiu uma teoria da conspiração que aponta o dia 22 de julho como a data possível para um novo atentado terrorista. A teoria tem a ver com o fato de os últimos ataques terem acontecido sempre nesse dia e nos meses de março, maio e julho.
Por exemplo, um dos piores ataques do ano passado aconteceu em Bruxelas, no dia 22 de março, quando vários terroristas se explodiram no aeroporto de Zaventem e na estação de metrô de Maelbeek. 34 pessoas morreram e mais de 300 ficaram feridas.
Em Munique, no dia 22 de julho, um tiroteio provocado por um jovem de 18 anos, que depois se suicidou, matou nove pessoas num centro comercial.
Já este ano, no dia 22 de março, seis pessoas morreram em Londres, depois de um homem ter atacado um agente policial e ter avançado de carro, na ponte de Westminster, contra as pessoas que se encontravam no local.
Agora, no Manchester Arena, no passado dia 22 de maio, 22 pessoas morreram e mais de 60 ficaram feridas.
Apesar de muitas pessoas estarem alertando nas redes sociais para o próximo dia 22 de julho, outros internautas estão descartando a teoria porque há outros atentados que aconteceram em dias diferentes. É o caso de Paris, que aconteceu no dia 13 de novembro do ano passado, e de Nice, no dia 14 de julho.
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