A participação de pessoas transgênero nas eleições de meio-termo nos Estados Unidos – que serão realizadas em novembro – já é a maior da história norte-americana. Pelo menos 43 candidatos se apresentaram na fase das primárias dos partidos para vagas em nível municipal, estadual e federal.
Até agora, quatro venceram e há ainda pelo menos 22 na disputa para confirmar as candidaturas. O melhor desempenho até então para candidatos transgêneros havia sido em 2010, quando dez disputaram cargos estaduais e municipais.
A maioria dos candidatos transgênero é independente ou do partido Democrata, de acordo com um levantamento do Instituto de Saúde Pública da Universidade de Harvard.
A democrata Christine Hallquist é uma das mulheres transgênero na disputa. Ela concorre à primária do partido para o governo de Vermont.
Christine ficou conhecida na imprensa local quando decidiu, há cinco anos, fazer a mudança de gênero. Deixou para trás a antiga identidade e, aos 48 anos, se assumiu como transgênero para a mulher, os três filhos e funcionários da empresa de uma concessionária de energia que comandava.
Engenheira de formação, Christine procurou destacar na campanha sua bem sucedida trajetória como executiva e diretora da empresa – que lidera a produção de energia renovável no país.
No programa de governo, ela prometeu igualdade, melhores serviços de educação, saúde e internet de alta velocidade para todos.
Reação a Trump
Analistas afirmam que a maior participação de transgêneros nestas eleições é uma reação à política de Donald Trump que tenta limitar os direitos do grupo, desde o início de seu mandato.
Em março, por exemplo, ele assinou um documento que proibiu a participação de transgêneros nas Forças Armadas. A medida causou protestos e polêmica e acabou motivando a participação política.
É o caso da militar Alexandra Chandler. Ela foi a primeira oficial da inteligência do departamento de Defesa a mudar de gênero na história, e agora tenta uma vaga na Câmara de representantes (câmara dos deputados) pelo estado de Massachusetts.
Na campanha, ela conta sua trajetória como militar e analista da inteligência do governo norte-americano. Além disso, explica como decidiu fazer a transição do gênero masculino (biológico) para o feminino, quando estava no Pentágono.
Mãe de dois filhos e casada com uma mulher, ela liderou uma equipe no Pentágono de combate ao tráfico de armas de destruição em massa. E afirma ter servido aos Estados Unidos por “amor ao povo americano e ao país”.
“Mesmo que não seja fácil ou popular, fui a primeira mulher transgênero a fazer a transição no Pentágono”, afirma. “É preciso coragem para fazer isso, por isso convido a todos a ter a coragem de se juntar a mim, para combater a política falida de Washington”, completou.
As eleições de meio-termo nos Estados Unidos serão realizadas em novembro. Serão renovados todos os 435 deputados da Câmara dos Representantes (Câmara dos Deputados) e cerca de um terço dos 100 membros do Senado, além da maioria dos governos e assembleias estaduais.
As eleições de meio-termo são realizadas quando um presidente chega à metade de seu mandato.
Ciberia // Agência Brasil