Tsunamis fizeram a primeira vítima há 6 mil anos em Papua Nova Guiné

Taro Taylor / Flickr

Ossada em praia exposta a cinzas vulcânicas, Tarvurvur, Rabaul, na Papua Nova Guiné

A primeira pessoa vítima de um tsunami pode ter morrido há 6 mil anos em Papua Nova Guiné, segundo os fragmentos de uma caveira encontrada em sedimentos que tem os traços da atividade de uma antiga onda gigante, segundo um estudo publicado nesta quarta-feira (25) pela revista científica PLOS One.

O fragmento de crânio foi descoberto em 1929 pelo geólogo australiano Paul Hossfeld, que o achou em um mangue nos arredores da pequena cidade litorânea de Aitape, em Papua Nova Guiné.

Originalmente, os estudos indicavam que o crânio pertencia a um Homo erectus, mas a datação por radiocarbono apontou que o objeto tem entre 5 e 6 mil anos.

Novas pesquisas sugerem que o fragmento de osso pertence à mais antiga vítima de um tsunami, o que faz do achado uma peça importante para saber como as populações modernas podem se adaptar ao aumento do nível do mar, afirma um comunicado.

O estudo foi realizado por equipes da Universidade de Notre Dame (França), do Field Museum de Chicago (Estados Unidos) e de diversas instituições de Austrália, Nova Zelândia e Papua Nova Guiné.

“Se tivermos razão sobre como morreu esta pessoa há milhares de anos, temos provas notáveis de que viver à beira-mar nem sempre é uma vida de formosos entardeceres dourados e boas condições para praticar surfe”, afirmou John Terrell, curador do Field Museum.

O especialista considerou que esse fragmento talvez possa ajudar os cientistas a “convencer os céticos de que todos nós que estamos na Terra devemos levar a sério o clima e o aumento do nível do mar como as ameaças que realmente são“.

Em 2014, uma equipe de especialistas, entre eles Mark Golitko, da Universidade de Notre Dame, e Terrel, do Field Museum, retornaram ao local exato onde há quase um século foi encontrado o fragmento de crânio para tentarem localizar novas pistas que os levassem a descobrir o motivo da morte do indivíduo.

A equipe “agora é capaz de confirmar” o que havia “suspeitado há muito tempo”, indicou James Goff da Universidade de Nova Gales do Sul, na Austrália.

“As semelhanças geológicas entre os sedimentos do lugar onde foi encontrado o crânio e os sedimentos depositados durante o tsunami de 1998 que atingiu essa mesma costa nos fizeram perceber que as populações humanas dessa região foram afetadas por essas inundações maciças durante milhares de anos”, explicou o cientista.

Para Goff, levando em conta as evidências que têm nas mãos, os pesquisadores estão “mais convencidos do que antes de que essa pessoa morreu de forma violenta por um tsunami e que seu túmulo foi aberto por um desses fenômenos, o que fez com que a cabeça, mas não o restante do corpo, voltasse a ser enterrado de maneira natural, para permanecer no solo sem ser descoberto durante 6 mil anos”.

Ciberia // EFE

COMPARTILHAR

DEIXE UM COMENTÁRIO:

Como é feito o café descafeinado? A bebida é realmente livre de cafeína?

O café é uma das bebidas mais populares do mundo, e seus altos níveis de cafeína estão entre os principais motivos. É um estimulante natural e muito popular que dá energia. No entanto, algumas pessoas preferem …

“Carros elétricos não são a solução para a transição energética”, diz pesquisador

Peter Norton, autor do livro “Autonorama”, questiona marketing das montadoras e a idealização da tecnologia. Em viagem ao Brasil para o lançamento de seu livro “Autonorama: uma história sobre carros inteligentes, ilusões tecnológicas e outras trapaças …

Método baseado em imagens de satélite se mostra eficaz no mapeamento de áreas agrícolas

Modelo criado no Inpe usa dados da missão Sentinel-2 – par de satélites lançado pela Agência Espacial Europeia para o monitoramento da vegetação, solos e áreas costeiras. Resultados da pesquisa podem subsidiar políticas agroambientais Usadas frequentemente …

Como o Brasil ajudou a criar o Estado de Israel

Ao presidir sessão da Assembleia Geral da ONU que culminou no acordo pela partilha da Palestina em dois Estados, Oswaldo Aranha precisou usar experiência política para aprovar resolução. O Brasil teve um importante papel no episódio …

O que são os 'círculos de fadas', formações em zonas áridas que ainda intrigam cientistas

Os membros da tribo himba, da Namíbia, contam há várias gerações que a forte respiração de um dragão deixou marcas sobre a terra. São marcas semicirculares, onde a vegetação nunca mais cresceu. Ficou apenas a terra …

Mosquitos modificados podem reduzir casos de dengue

Mosquitos infectados com a bactéria Wolbachia podem estar associados a uma queda de 97% nas infecções de dengue em três cidade do vale de Aburra, na Colômbia, segundo o resultado de um estudo realizado pelo …

Chile, passado e presente, ainda deve às vítimas de violações de direitos humanos

50 anos após a ditadura chilena, ainda há questões de direitos humanos pendentes. No último 11 de setembro, durante a véspera do 50° aniversário do golpe de estado contra o presidente socialista Salvador Allende, milhares de …

Astrônomos da NASA revelam caraterísticas curiosas de sistema de exoplanetas

Os dados da missão do telescópio espacial Kepler continuam desvendando mistérios espaciais, com sete exoplanetas de um sistema estelar tendo órbitas diferentes dos que giram em torno do Sol. Cientistas identificaram sete planetas, todos eles suportando …

Em tempos de guerra, como lidar com o luto coletivo

As dores das guerras e de tantas tragédias chegam pelas TV, pelas janelinhas dos celulares, pela conversa do grupo, pelos gritos ou pelo silêncio diante do que é difícil assimilar e traduzir. Complicado de falar …

Pesquisa do Google pode resolver problemas complexos de matemática

O Google anunciou uma série de novidades para melhorar o uso educativo da busca por estudantes e professores. A ferramenta de pesquisa agora tem recursos nativos para resolver problemas mais complexos de matemática e física, inclusive …