A capa da Vogue México, na sua edição, surpreendeu. Foi a primeira vez em 120 anos que a revista inseriu uma modelo transgênero indígena em sua magazine, mostrando uma indígena de identidade ‘muxe’, um terceiro gênero culturalmente original nas comunidades de Juchitan, Oaxaca, no sul do país.
A capa com a modelo muxe, Estrella Vazquez, também será editada na versão britânica da revista. É a primeira vez em anos que a Vogue irá dar espaço para a representatividade à essa comunidade bastante tradicional do México, mas pouco conhecida no Brasil.
Vazquez desconhecia a Vogue até ser convidada para a sessão de fotos ao lado de outras muxes de Oaxaca. “Todo mundo está vendo essa capa, todo mundo está me parabenizando muito. Eu não sei, é difícil expressar essas emoções que estou sentido. Me dá vontade de chorar”, afirmou a modelo ao The Guardian.
A representatividade muxe é bastante importante para a redução do preconceito. “Eu penso que é um passo enorme. Ainda há discriminação, mas não tanto mais e, sem dúvida, muito menos do que se via antes”, declarou a modelo.
Muxe é uma identidade de gênero própria da comunidade de Oaxaca, no México. A comunidade zapoteca, que é majoritariamente indígena, identifica como muxes pessoas que nasceram com o sexo masculino, mas transitam entre a feminilidade e a masculinidade. É um terceiro gênero em que os muxes não são nem homens, nem mulheres.
“Em zapoteca, assim como no inglês, não há gênero gramatical. Há apenas uma forma para todas as pessoas. Por isso muxes nunca tiveram de se perguntar se são mais homem ou mais mulher”, explicou Lukas Avedaño à BBC. Lukas faz parte da comunidade muxe.
Segundo o antropólogo Stephen Lynn, a relação dos muxes tem pouquíssima ou nenhuma relação com orientação sexual. Muitas se casam com mulheres e tem filhos, enquanto outras mantém parceiros homens. A sexualidade, portanto, não tem conexão com a identidade de gênero.
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