O WikiLeaks trocou mensagens privadas com o filho do atual presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump Jr., e pediu que sugerisse Julian Assange, fundador do site de denúncias, para o cargo de embaixador australiano em Washington.
Segundo a The Atlantic, o WikiLeaks e Donald Trump Jr., teriam trocado mensagens privadas através da rede social Twitter, durante a campanha para as eleições presidenciais de 2016, nas quais são pedidos favores ao filho do presidente dos EUA.
A troca de mensagens revela que o WikiLeaks pediu ao filho de Donald Trump para divulgar o trabalho da organização, compartilhando informação com Donald Trump Jr. em privado. Segundo a revista, a conversa foi em grande parte unilateral, com o WikiLeaks a fazer propostas e Trump Jr. se mantendo em silêncio.
Para além disso, foram feitas inúmeras solicitações, incluindo a de que o presidente dos EUA sugerisse à Austrália a nomeação de Julian Assange – fundador do WikiLeaks – para o cargo de embaixador australiano em Washington.
Na mensagem citada pela The Atlantic, lê-se “em relação ao sr. Assange: Obama/Clinton colocaram pressão sobre a Suécia, o Reino Unido e a Austrália [seu país natal] para perseguir ilegalmente o sr. Assange. Seria muito fácil e útil se seu pai sugerisse à Austrália a nomeação de Assange como embaixador em Washington“.
As mensagens, que também foram fornecidas aos investigadores do Congresso que conduzem um inquérito às suspeitas de interferência russa no processo eleitoral, foram enviadas até pelo menos julho de 2017.
O site de denúncias é acusado pelos serviços de inteligência e segurança dos EUA de ser uma das peças centrais da campanha russa de interferência nas presidenciais de 2016.
Durante a campanha, Trump Jr. recebeu uma mensagem do WikiLeaks informando que o site tinha acabado de publicar “os e-mails de Podesta parte 4“, referindo-se à divulgação dos e-mails roubados à candidatura de Hillary Clinton, que acabaria por perder as eleições.
Minutos depois de Trump Jr. ter recebido essa informação, Donald Trump reagiu no Twitter.
Na troca de favores, o WikiLeaks pedia que a campanha de Trump divulgasse algumas das histórias publicadas no site de denúncias e que este cedesse as declarações de impostos, argumentando que a divulgação iria beneficiar tanto o WikiLeaks como Trump.
Para além de pedidos, o WikiLeaks deu alguns conselhos ao atual presidente dos EUA. No dia das eleições, aconselhou Donald Trump a não aceitar os resultados, caso perdesse, e a alegar existência de fraude eleitoral.
Depois de alguns meses sem obter resposta, o WikiLeaks voltou a enviar uma mensagem a Donald Trump Jr. em julho, três dias depois de o New York Times ter noticiado a existência de uma reunião entre Trump Jr. e Natalia Veselnitskaya, uma advogada russa com ligações ao Kremlin.
A notícia foi divulgada em uma altura em que a suposta interferência de Moscou nas eleições estava sob investigação. O WikiLeaks revelou a Trump Jr. que estaria muito interessado em obter os e-mails que o jornal citou. Trump Jr. não respondeu.
Assange, exilado na embaixada do Equador em Londres, desde 2012, para evitar a extradição para a Suécia onde é procurado por suspeita de crimes de violação e nos Estados Unidos pela divulgação ilícita de documentos da diplomacia e das Forças Armadas, reagiu à notícia da The Atlantic através do Twitter.
“O WikiLeaks não mantém esses registros e a apresentação da The Atlantic é editada e claramente não tem o contexto completo“, comentou Assange.
Pouco tempo depois de Assange ter dr pronunciado, Donald Trump Jr. utilizou também o Twitter para divulgar as mensagens recebidas do WikiLeaks.
Ciberia // ZAP