O multimilionário Donald Trump, de 70 anos, toma posse esta sexta-feira (20), em Washington. Enquanto isso, manifestantes vestidos totalmente de preto e envergando bandeiras pretas estão protestando contra Donald Trump nas ruas de Washington.
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Ao meio-dia de Washington (15h em Brasília), Donald Trump prestará juramento como 45º Presidente dos Estados Unidos, numa cerimônia pública junto ao Capitólio, tornando-se no homem mais velho a assumir a Presidência dos Estados Unidos. Fontes oficiais anteveem que entre 800 mil a 900 mil pessoas deverão assistir à cerimônia, aos festejos associados ou participar em várias ações de protesto previstas.
A cerimônia assume o controle da capital federal com fortes condicionamentos na circulação de pessoas, carros e transportes públicos. Cerca de 28 mil elementos das forças de segurança estão destacados.
De acordo com a estação britânica BBC, apoiantes de Trump gritavam contra os manifestantes.
Na quinta-feira, um porta-voz do ainda Presidente eleito adiantou que o discurso de inauguração de Donald Trump será “pessoal” e “filosófico”.
“Vai ser uma declaração muito pessoal e sincera sobre a sua visão para o país”, disse Sean Spicer, acrescentando que o novo residente da Casa Branca irá abordar “o que significa ser americano”, os desafios que enfrenta o povo americano, em particular a classe média.
“Penso que será um texto com menos de agenda política e mais filosófico, a visão que ele tem do país, o papel adequado do governo, o papel dos cidadãos”, referiu ainda.
Protestos e ausências
Manifestantes vestidos totalmente de preto e envergando bandeiras pretas estão protestando contra Donald Trump nas ruas de Washington, segundo a imprensa internacional, que relata que os ativistas estão quebrando virtines e destruindo lixo.
A polícia surgiu no local, munida com bastões e viseiras, para tentar travar os manifestantes. Também no local estavam membros das forças policiais em motos, de forma a encurralar os ativistas.
Alguns ativistas transportavam uma grande faixa que exibia a frase “Make Racists Afraid Again” (Façam que os Racistas voltem a ter medo). Outros também traziam guarda-chuvas. Muitos entoavam frases insultando Donald Trump.
Notícia é também a ausência de várias dezenas de congressistas democratas na cerimônia de tomada de posse, que começaram essa manhã. O número tem vindo a aumentar durante a semana e, na quinta-feira à tarde, mais de 60 congressistas democratas já tinham afirmado que planeavam boicotar a cerimônia, algo inédito na história contemporânea dos Estados Unidos.
Confirmada na cerimônia está a presença tradicional de vários ex-Presidentes e das respetivas primeiras-damas: Bill Clinton e a candidata democrata Hillary Clinton, o antigo casal presidencial George W. Bush e Laura Bush e Jimmy Carter e a sua mulher Rosalynn.
“Resistência pacífica”
Ontem, milhares de pessoas desafiaram o frio, em Nova York, participando numa iniciativa em que atores e políticos convocaram uma campanha de cem dias de “resistência pacífica” contra a administração de Trump.
Segundo os organizadores, participaram entre 20 mil e 25 mil pessoas, muitas das quais exibindo cartazes com mensagens em que se lia “Como meu Presidente, nunca” ou “20 de janeiro de 2017, o dia em que a democracia morreu”.
Aos atores Mark Ruffalo, Julianne Moore, Rosie Perez, Marisa Tomei ou Sally Field e ao realizador Michael Moore juntaram-se políticos e dirigentes sindicais para exigir unidade diante dos perigos que acreditam que o multimilionário representa como Presidente.
“Temos que seguir em frente – não para protestar contra Trump -, mas para proteger a nossa gente e os nossos valores”, afirmou Ruffalo. “Atravessamos um momento muito perigoso”, disse, por seu lado, Michael Moore.
A cantora Cher, de 70 anos, também aderiu à manifestação: “Vivi sob a administração de 12 Presidentes e nunca pensei que ia coincidir com este arrogante”. “O poder do povo é maior do que o deste estúpido”, afirmou Cher.
O autarca de Nova York, Bill de Blasio, uma figura política muito crítica com Trump, instou os participantes a iniciarem uma campanha de ação nos próximos dias em todas as cidades dos Estados Unidos. “Amanhã não é o fim, é o começo”, disse, repetindo o apelo à “resistência pacífica” que foi promovido por Ruffalo e Moore.
Dados publicados nos últimos dias revelam que Trump é o Presidente eleito mais impopular em 40 anos, com apenas 40% de opiniões favoráveis.
Amanhã, dia 21 de janeiro, está também marcada uma Marcha das Mulheres em Washington, que deverá contar com mais de 200 mil pessoas, e que vai ser apoiada por “marchas-irmãs” em mais de 30 países.
Nos EUA, já confirmaram presença várias celebridades, como Scarlett Johansson, Cher, Katy Perry, Julianne Moore, Patricia Arquette, Frances McDormand, Jessica Chastain, Debra Messing, Olivia Wilde e Amy Schumer.
Respeito pelos direitos humanos
Num comunicado divulgado esta sexta-feira, a Amnistia Internacional exige que o chefe de Estado “proteja os que são afetados por conflitos armados e crises, e para garantir a proteção dos defensores dos direitos humanos”.
Margaret Huang, diretora executiva da AI, escreve que o mundo está “no meio de uma crise humanitária global, com mais pessoas a fugir da violência e das perturbações do que em qualquer outra altura desde a Segunda Guerra Mundial”.
A AI já por várias vezes mostrou a sua preocupação por algumas das propostas de Trump feitas durante a campanha, nomeadamente a criação de um registo para os muçulmanose os “ataques inflamados contra mulheres, pessoas negras, pessoas com deficiência,LGBT, ativistas, jornalistas e críticos”, lembra o texto.
“Dizemos ao Presidente Trump: todos os dias no escritório, qualquer escolha que faça vai definir o seu legado; pode escolher deixar o mundo um sítio melhor, ou um sítio onde o ódio, o medo e a discriminação se fortalecem”, lê-se no comunicado.
O texto divulgado deixa ainda críticas diretas a várias das escolhas para o novo executivo, desde o secretário de Estado, Rex Tillerson, ao chefe da Agência Central de Inteligência,Mike Pompeo, passando pelo secretário da Defesa, o general James Mattis ou o da Segurança Interna, general John Kelly, entre outros, que a AI considera terem tido posturas que não ajudam a defender os direitos humanos.
// ZAP