O jornal da Malásia “New Straits Times” publicou uma foto de Kim Jong Nam, meio-irmão do líder norte-coreano Kim Jong-un, após ter sido envenenado no aeroporto de Kuala Lumpur no início desta semana.
Kim Jong-nam, de 45 anos, foi atacado na segunda-feira por duas mulheres que supostamente pulverizaram um líquido em seu rosto no aeroporto de Kuala Lumpur, quando ele estava prestes a embarcar para Macau.
Os olhos de Kim Jong-nam sofreram queimaduras como resultado da substância. Ele passou mal e morreu enquanto era levado para um hospital de Putrajaya, capital administrativa do país.
A Coreia do Sul acusa seu vizinho do Norte de ser o autor do crime, citando uma “ordem permanente” do ditador Kim Jong-un de eliminar seu meio-irmão e uma tentativa frustrada de assassinato em 2012, depois que Kim Jong-nam criticou o regime mais impenetrável do mundo.
Quatro pessoas foram detidas neste caso: uma mulher de 28 anos com um passaporte vietnamita, um malaio de 26 anos, sua namorada (uma indonésia de 25 anos) e um norte-coreano de 46 anos.
Segundo o chefe da polícia da Indonésia, a mulher indonésia presa pela participação no assassinato foi enganada e acreditava que estava participando de uma pegadinha para um programa cômico de TV. A brincadeira consistia em convencer homens de que fechassem os olhos para depois jogar água no rosto deles.
Médicos legistas da Malásia tentam esclarecer o assassinato do irmão de Kim Jong-un, que Seul atribui a agentes norte-coreanos.
Os especialistas analisaram na sexta-feira amostras extraídas do cadáver de Kim Jong-nam para determinar a substância tóxica que, aparentemente, foi pulverizada em seu rosto. Segundo o ministro da Saúde da Malásia, um relatório de toxicologia pode demorar até duas semanas para ficar pronto.
Na noite de sexta-feira, o embaixador norte-coreano na Malásia, Kang Chol, disse à imprensa diante do necrotério que seu país rejeitará os resultados da necropsia, já que a “Malásia a impôs, sem nossa autorização e sem que nós participássemos”.
Mas Kuala Lumpur advertiu que o corpo de Kim Jong-nam não será entregue a Pyongyang antes da conclusão do processo.
“Até o momento, nenhum membro da família ou amigo próximo veio identificar ou reivindicar o corpo. Precisamos de amostras de DNA de um membro da família para estabelecer o perfil da pessoa falecida”, disse à agência France Presse Abdul Samah Mat, chefe da polícia do Estado de Selangor, onde o aeroporto está localizado.
Filho preterido
Kim Jong Nam, de 45 anos, chegou a ser considerado favorito para substituir a seu pai – o ex-líder norte-coreano Kim Jong-il, morto em 2011 – até cair em desgraça. Desde então, acredita-se que residia principalmente entre Hong Kong, Macau e Pequim, sem ocupar nenhum cargo oficial no regime norte-coreano.
O primogênito do antigo ditador perdeu definitivamente a preferência do pai quando, em 2001, foi detido em um aeroporto de Tóquio com um passaporte dominicano falso que pretendia usar para entrar no Japão e supostamente visitar o parque Disneylândia.
Fruto do casamento entre o ditador e a primeira esposa, a atriz Song Hye-rim, Kim Jong-nam atraiu a atenção nos últimos anos com críticas contra as políticas do regime norte-coreano e seu sistema de sucessão, expressadas através de sua correspondência com um jornalista japonês.
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