Múmias ajudam cientistas a descobrir como morreram os antigos egípcios

Raffaella Bianucci / Università degli Studi de Torino

Múmia egípcia com 4.200 anos

Múmia egípcia com 4.200 anos

Uma equipe internacional de pesquisadores analisou amostras de pele e dos músculos de três múmias com 4.200 anos e encontrou sinais de doenças que podem ter provocado as respectivas mortes.

Num estudo considerado “visionário”, conforme se destaca no artigo do Seeker.com, do grupo do Discovery News, pesquisadores de vários países analisaram três múmias do período entre 2181 a 2055 a.C..

Preservadas no Museu Egípcio em Turim, Itália, estas múmias tinham sido encontradas por arqueólogos italianos em cemitérios em Assiut e em Gebelein, no Egipto, entre 1911 e 1920.

Os pesquisadores retiraram amostras de pele e de músculos dessas múmias e encontraram vestígios de proteínas que revelam como é que terão morrido.

No artigo científico publicado na Philosophical Transaction, os autores do estudo referem que foram identificadas “um total de 230 proteínas únicas” das cinco amostras recolhidas e um “grande número de colagêneos e de queratinas”, revelando sinais de “inflamação, resposta imune e possivelmente, câncer”.

A múmia de uma mulher conhecida como Khepeshet, que foi encontrada em Assiut, revelou uma “assinatura de proteína indicadora de severa resposta imune”, conforme explica Paul Haynes, pesquisador do Departamento de Química e Ciências Biomoleculares da Universidade Macquarie, na Austrália.

O cientista envolvido no estudo assume, assim, que existe uma forte possibilidade de que essa mulher tenha morrido de uma “infecção pulmonar bacteriana, como a tuberculose“.

Também encontrada em Assiut, a múmia de um homem conhecido por Idi revelou, igualmente, indícios de uma morte por doença grave.

Haynes explica que descobriram as proteínas DMBT-1 (um supressor de tumores) e transglutaminase na amostra muscular de Idi e que isso permite especular que ele “também pode ter sofrido de câncer pancreático ou de outro tipo”. A abundância destas proteínas está geralmente, relacionada com o câncer do pâncreas, realça o Seeker.com.

Já a terceira múmia, de um indivíduo adulto encontrado em Gebelein, não revelou indícios suficientes para chegar a uma possível causa de morte.

Jana Jones, do Departamento de História Antiga da Universidade Macquarie, explica ao site que esta terceira múmia estava enterrada num tronco de árvore escavado e que, contrariamente às outras duas, preservadas dentro de caixões de madeira decorados e selados, “esteva exposta aos elementos, ao longo do tempo, e isso pode ter provocado a degradação das proteínas”.

A pesquisadora acrescenta ainda que estas três múmias são do período conhecido como a primeira “Idade Negra” do Antigo Egipto, que foi “marcada por turbulência política, condições econômicas em mudança, mega seca e fome”.

A falta de água e de comida terá enfraquecido a população, abrindo caminho para doenças infecciosas como a malária, a tuberculose e outras do foro intestinal e parasitário, tornando as pessoas mais propensas a contrair cólera e febre tifóide.

Assim, este estudo inovador permite dar “um contexto histórico a condições médicas que ainda hoje são encontradas no mundo moderno”, conclui Jones.

SV, ZAP

COMPARTILHAR

DEIXE UM COMENTÁRIO:

Como é feito o café descafeinado? A bebida é realmente livre de cafeína?

O café é uma das bebidas mais populares do mundo, e seus altos níveis de cafeína estão entre os principais motivos. É um estimulante natural e muito popular que dá energia. No entanto, algumas pessoas preferem …

“Carros elétricos não são a solução para a transição energética”, diz pesquisador

Peter Norton, autor do livro “Autonorama”, questiona marketing das montadoras e a idealização da tecnologia. Em viagem ao Brasil para o lançamento de seu livro “Autonorama: uma história sobre carros inteligentes, ilusões tecnológicas e outras trapaças …

Método baseado em imagens de satélite se mostra eficaz no mapeamento de áreas agrícolas

Modelo criado no Inpe usa dados da missão Sentinel-2 – par de satélites lançado pela Agência Espacial Europeia para o monitoramento da vegetação, solos e áreas costeiras. Resultados da pesquisa podem subsidiar políticas agroambientais Usadas frequentemente …

Como o Brasil ajudou a criar o Estado de Israel

Ao presidir sessão da Assembleia Geral da ONU que culminou no acordo pela partilha da Palestina em dois Estados, Oswaldo Aranha precisou usar experiência política para aprovar resolução. O Brasil teve um importante papel no episódio …

O que são os 'círculos de fadas', formações em zonas áridas que ainda intrigam cientistas

Os membros da tribo himba, da Namíbia, contam há várias gerações que a forte respiração de um dragão deixou marcas sobre a terra. São marcas semicirculares, onde a vegetação nunca mais cresceu. Ficou apenas a terra …

Mosquitos modificados podem reduzir casos de dengue

Mosquitos infectados com a bactéria Wolbachia podem estar associados a uma queda de 97% nas infecções de dengue em três cidade do vale de Aburra, na Colômbia, segundo o resultado de um estudo realizado pelo …

Chile, passado e presente, ainda deve às vítimas de violações de direitos humanos

50 anos após a ditadura chilena, ainda há questões de direitos humanos pendentes. No último 11 de setembro, durante a véspera do 50° aniversário do golpe de estado contra o presidente socialista Salvador Allende, milhares de …

Astrônomos da NASA revelam caraterísticas curiosas de sistema de exoplanetas

Os dados da missão do telescópio espacial Kepler continuam desvendando mistérios espaciais, com sete exoplanetas de um sistema estelar tendo órbitas diferentes dos que giram em torno do Sol. Cientistas identificaram sete planetas, todos eles suportando …

Em tempos de guerra, como lidar com o luto coletivo

As dores das guerras e de tantas tragédias chegam pelas TV, pelas janelinhas dos celulares, pela conversa do grupo, pelos gritos ou pelo silêncio diante do que é difícil assimilar e traduzir. Complicado de falar …

Pesquisa do Google pode resolver problemas complexos de matemática

O Google anunciou uma série de novidades para melhorar o uso educativo da busca por estudantes e professores. A ferramenta de pesquisa agora tem recursos nativos para resolver problemas mais complexos de matemática e física, inclusive …