Menos de um ano após as polêmicas envolvendo o FBI e a segurança dos aparelhos da Apple, a discussão sobre privacidade e combate ao terrorismo volta a tomar o noticiário do universo de tecnologia.
Desta vez, é o governo britânico que tenta quebrar a criptografia das conversas via WhatsApp para avançar nas investigações do atentado que matou três pessoas em Londres na última quarta-feira (22).
De acordo com as agências de segurança do Reino Unido, informações recentes revelam que Khalid Masood, autor do ataque em Londres, usou o aplicativo de bate-papo minutos antes de cometer o atentado, logo reivindicado pelo Estado Islâmico.
Diante disso, a Secretária de Estado para Assuntos Internos do país, Amber Rudd, disse que o WhatsApp e outros serviços do gênero não podem se tornar um lugar secreto para que terroristas possam se comunicar livremente e, por isso, pediu para que as agências de inteligência tenham acesso a essas plataformas.
E o debate sobre o tema é tão sério que o próprio governo convidou empresas de tecnologia para uma reunião nesta quinta-feira (30) para debater sobre a questão. Além de conversarem sobre mensagens criptografadas, assuntos como a divulgação de conteúdo extremista em redes sociais também será uma das pautas do encontro.
A razão dessa última preocupação é porque serviços como a pesquisa do Google aceitam a promoção de material usado por radicais. Essa liberdade vem desagradando instituições como o próprio governo britânico, que cortou os investimentos em propaganda que fazia na plataforma.
Além disso, Amber Rudd vai participar de outra reunião com outros chefes de estado europeus para discutir questões de cibersegurança. O encontro acontece nesta segunda-feira em Bruxelas, na Bélgica. Porém, é sabido que nem todos os governos apoiam essa visão mais intrusiva do Estado nas conversas de seus cidadãos.
Carmelo Abela, representante do governo de Malta, já declarou que não apoia uma quebra da criptografia de serviços como o WhatsApp por considerar a privacidade tão importante quanto a segurança das pessoas.
A polêmica sobre a proteção das conversas é algo que vai além dos países europeus e até já teve várias implicações no Brasil. No ano passado, o WhatsApp foi bloqueado várias vezes no país após a Justiça determinar que o serviço quebrasse a criptografia de um determinado bate-papo.
No caso, a empresa afirmou que isso não era possível porque nem mesmo ela era capaz de burlar a segurança que ela mesma criou.
Curiosamente, também em 2016, o então ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, prendeu 10 pessoas suspeitas de ligação com o Estado Islâmico que pretendiam cometer um atentado durante as Olimpíadas. Na época, Moraes disse que conseguiu interceptar conversas no WhatsApp dos acusados, embora não tenha explicado como isso foi feito.
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