Elon Musk, CEO da SpaceX, revelou essa terça-feira (27) seus planos para colonizar Marte e organizar expedições “auto-sustentáveis” compostas por centenas de astronautas para o planeta vermelho.
“Estão preparados para morrer? Se não têm problemas, então são candidatos para ir”, afirmou Musk durante seu discurso na Conferência Internacional de Astronáutica, em Guadalajara (México), onde falou da nave que vai fazer a viagem incrível e dos custos dessa jornada.
Elon Musk defendeu a ideia de que Marte representa um “polígono” ideal para a transição da humanidade para a vida no espaço, e declarou que a SpaceX pretende se tornar a força motriz desta transformação.
“No futuro, é provável que a Terra enfrente uma catástrofe e entremos em extinção. A alternativa para isso é a transformação da humanidade numa espécie ‘espacial'”, declarou Musk. “O que importa é criar uma civilização sustentável em Marte o mais rápido possível. É diferente da missão Apollo. É tentar minimizar o risco existencial e ter um tremendo sentido de aventura”, sublinhou.
Segundo o empresário, o ser humano não possui muitas opções para habitar outros planetas, já que, por exemplo, o nosso vizinho mais próximo, Vênus, parece mais um “banho de ácido” do que uma deusa da beleza, enquanto as luas de Júpiter e de Saturno, que em teoria possuem condições para abrigar vida, estão longe demais.
Marte, por sua vez, possui muitas vantagens, explica Musk, começando pelo fato de já ter sido muito semelhante à Terra e ter reservas de água e diversos gases que poderiam se converter em oceanos e uma atmosfera.
Em suas palavras, a atual composição da atmosfera do planeta vermelho já possui os dois elementos mais importantes para a criação de uma flora – nitrogênio e dióxido de carbono -, além de ter um dia com duração semelhante ao nosso (24,5 horas).
O milionário da tecnologia tem falado sobre levar os humanos a Marte há muitos anos. A SpaceX planeja enviar sua cápsula de carga Dragon ao planeta já em 2018. Uma missão tripulada poderá deixar a Terra em 2024 e chegar a Marte no ano seguinte.
Como tudo o que Musk faz, este é um cronograma particularmente agressivo. A NASA afirma ter planos de enviar humanos a Marte apenas em 2030.
Sistema Interplanetário de Transporte
O “Sistema Interplanetário de Transporte” (Interplanetary Transport System – ITS) é a nave espacial e foguete que serão usados para colonizar Marte.
A decolagem deverá ser feita a partir da plataforma de lançamento 39A no Centro Espacial Kennedy, o famoso local de lançamento de muitas das missões Apollo – incluindo a Apollo 11 -, com o qual a SpaceX assinou um contrato de 20 anos em 2014.
A nave e os foguetes vão se separar em órbita, permitindo que uma parte retorne à Terra. A parte tripulada do sistema deve ser reabastecida e relançada por uma terceira parte que vai estar esperando em órbita, dotando-a de combustível suficiente para chegar até o planeta vermelho.
A nave espacial também terá “asas” de painéis solares que ajudam a fornecer energia suficiente para fazer a viagem, capazes de gerar 200 kW de potência.
A duração média da viagem seria de 115 dias, variando de 80 a 140 dias. Musk espera que esse tempo chegue a apenas 30 dias no futuro.
A nave deverá viajar para Marte a uma velocidade de quase 100 mil quilômetros por hora. Ao entrar atmosfera do planeta, a parte externa vai aquecer a mais de 1.648 graus Celsius. A nave irá então usar propulsão retro supersônica – “muitos lançamentos de foguetes de uma só vez” – para baixar a embarcação até à superfície.
Civilização em até 100 anos
Musk afirmou que o primeiro projeto da nave comporta cerca de 100 pessoas e carga suficiente para construir colônias autossuficientes no planeta. Eventualmente, a empresa tentaria duplicar o número de passageiros. A cada dois anos, sairia uma nave em direção a Marte.
A partir do momento em que os lançamentos de passageiros começarem, Musk estima serem necessários 40 a 100 anos para alcançar uma civilização totalmente autossustentável.
A nave seria construída em grande parte de fibra de carbono e alimentada por metano, que podem ser sintetizado utilizando elementos disponíveis em Marte – um aspecto-chave do carácter de autossustentação da colônia.
A longo prazo, Elon Musk acredita que o custo de fazer uma viagem a Marte possa baixar para menos de 200 mil dólares, podendo mesmo chegar a 100 mil dólares.
No entanto, é um valor muito longe do custo atual, próximo de 10 mil milhões de dólares por pessoa – completamente fora do alcance da maioria das pessoas que poderiam estar dispostas a fazer uma jornada tão ousada.
Terraformação?
A SpaceX planeja reduzir o custo da viagem espacial através da criação de foguetes que possam ser reutilizados.
Hoje em dia, a maioria dos foguetes lança uma nave espacial e, em seguida, é destruído no retorno à Terra, mas Musk quer reutilizar seus foguetes pelo menos mil vezes.
A meta da empresa para chegar a Marte também requer reabastecimento em órbita para reduzir o custo de lançamento.
Porém, Musk não foi muito claro sobre como planeja chegar lá, nem como pretende manter os viajantes vivos durante e após a viagem para Marte – ou sequer onde vão viver.
Dito isto, uma animação de Marte a se tornando um mundo azul e verde exuberante, muito parecido com a Terra, sugere que a terraformação – a alteração das características de um planeta para que este fique semelhante à Terra – faz parte de seus planos.
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