O YouTube é mais uma rede social a fechar o cerco contra o conteúdo violento, inflamatório, extremista e, principalmente, terrorista. A Alphabet (Google) anunciou neste domingo (19) uma série de medidas para lutar contra a disseminação de vídeos com esse caráter no site, aplicando medidas que vão desde banimentos e remoção até a perda de monetização em canais identificados como tal.
O principal foco são os vídeos violentos e que trazem conteúdo terrorista, que serão deletados e terão suas contas de usuários banidas. O YouTube afirma estar trabalhando com grupos anti-extremistas para facilitar a identificação de tais clipes, principalmente aqueles voltados para a radicalização e recrutamento de indivíduos para suas causas.
Anúncios de organizações desse tipo também começarão a aparecer para usuários identificados como consumidores desse tipo de conteúdo, levando-os para sites de instituições de auxílio ou com discursos antiterroristas.
A ideia da empresa é fazer o possível para não apenas impedir a proliferação desse tipo de material, mas também tentar mudar a cabeça ou prestar auxílio a quem pode estar sendo alvo disso.
Discursos inflamatórios ou supremacistas, principalmente do tipo religioso, também estão na mira. Aqui, além da exibição de anúncios com ideais diferentes ou visões opostas, o YouTube bloqueará a monetização dos canais, como uma forma de que os autores não lucrem com as propostas.
Além disso, eles também aparecerão menos entre recomendados e relacionados, como maneira de minar seu alcance, e terão os comentários desabilitados, reduzindo o engajamento.
De acordo com o YouTube, medidas contra esse tipo de discurso vêm sendo tomadas há anos, mas os criadores desses conteúdos também aplicam métodos para burlar os mecanismos de proteção.
O trabalho com organizações civis, então, é essencial pelo conhecimento de tais táticas e melhorias mais rápidas aos mecanismos automatizados de detecção e bloqueio.
A atitude também vem como uma resposta à pressão cada vez maior de países europeus, que demandam uma ação mais incisiva das redes sociais contra a divulgação de conteúdo, principalmente, terrorista.
O Facebook, por exemplo, está na mira constante de governos e associações da sociedade civil por estar servindo como uma ferramenta fácil para que grupos extremistas divulguem suas ideias e atinjam possíveis novos membros.
A Alphabet falou rapidamente sobre os critérios que serão usados para remoção de conteúdo e sanções a canais, que são parecidos com os que são utilizados hoje para detecção de imagens com direitos autorais e conteúdos impróprios.
Um sistema de reconhecimento, baseado em deep learning, aprende não apenas com o que é submetido pelos engenheiros, mas também com os próprios clipes retirados do ar, de forma a evitar reupload.
Entretanto, a empresa deseja tomar cuidado para não tirar do ar conteúdo informativo.
Ela pondera, por exemplo, que as mesmas imagens de um atentado podem ser hospedadas no YouTube por uma agência de notícias ou um grupo extremista, e é justamente no trabalho dos engenheiros e na parceria com instituições que vai residir essa diferenciação, de forma a não gerar falsos positivos.
Em caso de dúvida, moderadores humanos terão a palavra final.
A Alphabet também tem a intenção de trabalhar com outras redes sociais – citando, nominalmente, o Facebook, Twitter e Microsoft – na criação de um fórum global de criação e desenvolvimento de algoritmos para lidar com conteúdo extremista.
A ideia é melhorar as ferramentas de detecção e também auxiliar companhias pequenas nesse trabalho, já que elas podem não ter os mesmos recursos e alcance que as gigantes.
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