Nesta terça-feira (26), o reino da Arábia Saudita anunciou que, a partir de junho de 2018, as mulheres serão autorizadas a dirigir no único país do mundo que impede as mulheres de conduzirem.
O rei saudita, Salman, emitiu um decreto que alegrará muitos ativistas pelos direitos humanos no país, no qual permite que as mulheres dirijam pela primeira vez. A Arábia Saudita era, até hoje, o único país que proibia as mulheres de conduzir, avança a BBC.
Na Arábia Saudita, só os homens tinham autorização para dirigir e as mulheres que fossem flagradas em público como motoristas arriscavam prisão e/ou uma multa.
A comunidade internacional já reagiu à iniciativa, com o presidente dos Estados unidos, Donald Trump, salientando o “avanço positivo” que promoverá os direitos das mulheres, e António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, afirmando um “passo na direção certa” para os sauditas.
Mas as reações não se fizeram sentir apenas fora do país. Sahar Nassif, empresária, mostrou-se radiante com a decisão. “Estou muito, muito animada. Vou, finalmente, comprar o carro dos meu sonhos: um Mustang conversível! E vai ser preto e amarelo”, afirmou.
Manal al Sharif, uma das organizadoras da campanha “Women2Drive” disse acreditar que a Arábia Saudita “nunca mais será a mesma”.
O embaixador para os Estados Unidos, Khaled bin Salman, confirmou que as mulheres não precisariam de permissão masculina para ter aulas de condução e poderiam, depois disso, dirigir para onde quisessem. O príncipe falou em um “dia histórico” e numa “decisão certa na altura certa”.
Ativistas no reino da Arábia Saudita têm lutado, durante anos, pela permissão das mulheres dirigirem. Algumas mulheres chegaram a ser presas por defenderem essa liberdade e por causa dessa proibição, várias famílias tiveram que empregar motoristas privados.
Agora, os próximos passos do país são preparar o sistema para ensinar mulheres a conduzir e adaptar as forças policiais para interagir com mulheres em uma sociedade onde homens e mulheres não podem demonstrar afeto ou contato direto.
O New York Times cita alguns oficiais e clérigos que apontam várias razões para a proibição de mulheres ao volante e que podem espelhar a mentalidade da sociedade em questão. Alguns dos testemunhos acreditam que é inapropriado uma mulher dirigir, ou que os homens não saberiam reagir ao ver uma mulher por perto.
Alguns dos clérigos acreditam que este é o primeiro passo para a promiscuidade e o colapso da cultura saudita e há até um clérigo que acredita que dirigir poderia ferir os ovários das mulheres.
Ciberia // ZAP