Espionar o celular da cara-metade será passível de uma pena de prisão de até um ano e uma multa pesada na Arábia Saudita, anunciou nesta terça-feira (3) o Ministério da Informação do reino no Oriente Médio.
“As pessoas casadas que pretendam espionar o cônjuge na Arábia Saudita devem pensar duas vezes, a atividade pode valer uma multa de 500 mil riyals (cerca de R$ 440 mil), além de uma pena de prisão de um ano”, segundo o comunicado do Ministério.
A disposição inscreve-se na nova lei contra a cibercriminalidade, em vigor desde a semana passada, que deve, segundo as autoridades, “proteger a moralidade dos indivíduos e da sociedade, mas também da vida privada”. A adoção visou responder “a uma subida contínua de delitos cibernéticos, como a chantagem, a fraude e a difamação”.
No passado, a legislação saudita sobre a cibercriminalidade foi muito criticada pelas organizações internacionais de defesa dos direitos humanos. Dezenas de sauditas foram condenados devido à antiga lei por terem colocado comentários críticos nas redes sociais, como o Twitter.
Em setembro, as autoridades tinham apelado aos cidadãos para que denunciassem as atividades que considerassem “terroristas” nas redes sociais. As denúncias podem ser feitas através de um aplicativo chamado “Todos somos seguranças”.
Reino ultraconservador, baseado numa versão rigorosa do Islã, a Arábia Saudita é um dos líderes na utilização por habitante de aplicativos para smartphones e redes sociais. O reino promoveu nos últimos meses várias reformas.
Último país do mundo que ainda proibia as mulheres ao volante, a Arábia Saudita anunciou em setembro que irá autorizar pela primeira vez as mulheres a dirigir – medida que entrará em vigor a partir de junho. Até agora, as mulheres que fossem flagradas em público na direção de um automóvel arriscavam prisão e/ou multa.
Ainda assim, alguns clérigos conservadores acreditam que esse é o primeiro passo para a promiscuidade e o colapso da cultura saudita – havendo mesmo um clérigo que acredita que dirigir pode ferir os ovários das mulheres.
Ciberia // ZAP